Vivências e trajetórias dão a tônica ao 4º ciclo de formação da mandata de Linda Brasil
Comprometida com o processo de difundir importantes debates na sociedade, a vereadora Linda Brasil (PSOL) vem realizando desde o início de sua atuação parlamentar ciclos de formação trazendo pessoas para compartilhar pesquisas e vivências acerca das questões.
No último sábado, 26, como parte de toda uma programação do mês de junho, o 4º Ciclo de Formação Política: Interseccionalidade e união contra a LGBTQIA+fobia, com a presença de Janine Oliveira, mulher negra e bissexual, militante e pesquisadora e ativista dos direitos sexuais e reprodutivos, Rafael Machado, voluntário da CasAmor Neide Silva, mestrando e Bacharel em Museologia, além de Licenciando em História, e Geovana Soares, travesti, militante transfeminista, tesoureira da AMORSERTRANS e assessora da mandata, com a mediação da vereadora Linda Brasil.
Janine Oliveira iniciou sua fala ressaltando que a luta se faz a partir do coletivo, e que só assim é possível transformar a realidade. A ativista que está organizada em alguns movimentos de lésbicas e bissexuais, como o Mária Quitéria, LBL (Liga Brasileira de Lésbicas) e a Frente Bissexual Brasileira.
Ao analisar a trajetória do feminismo, ela fez uma importante observação da diferença de lutas entre mulheres brancas e mulheres negras, quando historicamente, além da mulher negra enfrentar o machismo, ainda enfrentava o racismo. Assim, a pesquisadora abordou que existem pontos convergente e divergentes na história de luta, e é fundamental perceber para a superação das opressões do sistema.
“As mulheres negras estão em maior condição de vulnerabilidade social, então, é importante dizer que nossas pautas não são iguais. É necessário reconhecer esse lugar de fala que tanto temos reforçado, escutar, aprender e respeitar”, explicou. Janine retoma a experiência de exclusão que vivem as mulheres bissexuais, lésbicas, trans, e todas as identidades de gênero e orientações sexuais que divergem do padrão estabelecido pela normatividade.
Linda parabenizou a fala, e comentou sobre a importância das mudanças que o movimento viveu, trazendo a questão racial com mais visibilidade, ressaltando como é importante para compreender os processos de violência. Falou que dos índices de mortalidade de pessoas trans e travestis, 78% eram de mulheres trans e travestis negras.
Rafael Machado, homem negro, gay, ativista e pesquisador, colocou a importância de olhar para a interseccionalidade como uma categoria analítica na observação dos fenômenos de violência e opressão, para isso, fala sobre sua vivência, também como forma de olhar para as interseccionalidades. “Sou formado em museologia, sou a primeira pessoa no meu núcleo familiar a alcançar o ensino superior, e faço mestrado também na mesma área.”, informou.
Falou sobre sua experiência na CasAmor, como foi e tem sido importante na sua caminhada. Um espaço que contribui com a população LGBTQIA+, seja em relação a assistência psicológica, jurídica e na difusão e debate sobre a cultura. “Eu percebi que tem toda uma preocupação em relação a visibilizar corpos, considerando a interseccionalidade, a raça, a classe econômica, para respeitar o protagonismo dessas pessoas, uma vez que ainda vivemos todo um sistema de exclusão”, relatou Rafael.
Em seguida, a militante da AMOSERTANS, Geovana Soares, compartilhou sua trajetória de militância, iniciada ainda no Coletivo de Mulheres de Aracaju, a partir da organização da Marcha das Vadias. Ela relata como através dessa organização, onde se sentiu acolhida e foi fundamental para sua formação política, surgiu o despertar de lutar em outras frentes. Ela acrescenta que o que muitas vezes é questionado como sopa de letras “LGBTQIA+”, na verdade tem sido um avanço na tentativa de visibilizar as identidades e sexualidades, considerando a importância interseccional das lutas.
“Não existe a possibilidade de lutarmos pelo fim da transfobia, lesbofobia, bifobia e outras se não lutarmos pelo fim do racismo, sem lutar pelo fim do machismo, sem lutar pelo fim do capitalismo, porque sim, é o capitalismo que financia todas essas opressões que nós sofremos. Então a interseccionalidade nos faz entender que temos diferenças, temos que respeitar essas diferenças nas lutas porém convergimos no desafio de lutar por um mundo melhor”, refletiu.
Ao final, a parlamentar Linda Brasil enfatizou a importância da comunidade LGBTQIA+ continuar a ocupar espaços de poder e desafiar esse sistema de opressões. Os ciclos continuarão acontecendo quinzenalmente trazendo diversas temáticas relevantes à sociedade.