Tribuna Livre recebe integrantes do Fórum Forró de Raiz de Aracaju nesta terça-feira,09

por Agência CMA — publicado 09/04/2024 12h25, última modificação 04/11/2024 17h20
O músico João Antônio Santos fez um apelo aos parlamentares por mais espaços para categoria
Tribuna Livre recebe integrantes do Fórum Forró de Raiz de Aracaju nesta terça-feira,09

Gilton Rosas

A presença de homens usando chapéu de couro na galeria do Plenário Vereador Abrahão Crispim antecipava que o tema da Tribuna Livre seria relacionado à cultura nordestina. Com a tradicional indumentária, João Antônio Santos de Araújo, mais conhecido como Grilo do Forró, subiu à tribuna em defesa da mais emblemática música do Nordeste.

Grilo do Forró, que é membro da Associação dos Forrozeiros do Estado de Sergipe e do Fórum do Forró de Raiz, repousou o chapéu no púlpito e nas primeiras palavras sentenciou. “Não é fácil viver de música em nosso Estado. É lamentável: tem gente vendendo zambumba para fazer a feira. Tem músico vendendo triângulo para comprar o pão do jantar da família. Existem muitos espaços de festas, como o Verão Sergipe que aconteceu recentemente, mas eu não vi nenhum forrozeiro”, lamentou.  

Apelo

O músico revelou que os forrozeiros recebem em média R$ 1.500 por apresentação e reivindicou mais oportunidades para além dos festejos juninos.“ Tenho certeza de que vocês que fazem parte dessa Casa, que é do povo, irão se solidarizar conosco. Nos ajudem a valorizar mais nossos artistas, nossos músicos. Ganhamos um pãozinho a mais na época junina, mas o Forró cabe em qualquer época. Peço que cada um de vocês veja de que forma pode nos ajudar”, disse Grilo do Forró.

O que disseram os Vereadores

 O Vereador Elber Batalha (PSB) foi o primeiro a comentar a fala de Grilo. “Entendo o sofrimento, a luta e peleja diária dos artistas e músicos que se dedicam à tradicional música nordestina, mas eu acredito que a única forma de revertemos isso, e não é a curto prazo, é a médio e longo prazo, é voltarmos a criar um público consumidor da música regional nordestina que é o Forró. A realidade de Sergipe é que a cultura baiana tomou conta da formação cultural da nossa juventude, que perdeu a relação de pertencimento com a nossa música raiz”, avaliou Elber.   

 Em seguida, Paquito de Todos (Podemos) falou sobre projetos desenvolvidos na rua São João, como o ‘Segundonas’, executados pelo Governo do Estado. O parlamentar também destacou a relevância da ação dos agentes políticos no sentindo de valorizar a cultura regional. 

“ É fácil as pessoas falarem, mas o importante é olhar para cada um dos senhores e dizer: vamos ajudar, vamos fazer com que aconteça. A rua São João estava morta, o vereador Paquito de Todos foi e deu um gás. Depois entrou o governador e viu a necessidade de fazer as ‘Segundonas’ na rua São João, mas é preciso um incentivo maior. Quando eu subo nessa tribuna diversas vezes eu me refiro à cultura, às nossas tradições, está na hora de ser melhor. Sabe o que é incentivo à cultura? É dar apoio moral e financeiro a essas instituições, ninguém faz nada sem dinheiro.  Pedi para que todas as festas em Aracaju tenham 90% cento dos forrozeiros locais e destinei R$ 50 mil para Associação dos Forrozeiros

 

A vereadora Sheyla Galba (União Brasil) fez um paralelo dos valores pagos a artistas locais com o que é pago a artistas de fora. Na oportunidade, Sheyla citou a apresentação dos cantores Ludmila e Belo, em evento realizado pela Prefeitura de Aracaju, no aniversário da cidade.  “Foi mais R$ 1 milhão para 2 horas de show de Ludmila e Belo. Nós temos artistas da terra. A culpa é de quem só contrata show de artistas de outros estados. Ludmila recebeu R$ 770 mil e vocês R$ 1500. Quem está desvalorizando vocês é a gestão. Vamos fazer um projeto de lei para que qualquer show tenha 30% de artistas ligados ao forró".

Para o vereador Ricardo Marques (Cidadania),  falta uma atenção maior à causa por parte dos gestores públicos. " Lembro o ano que Fabiano criou o slogan, quando ele estava na Secretaria do Turismo, Sergipe é o país do Forró. Não tivemos nada de Forró no aniversário de Aracaju, a capital do país do Forró. Tem que cobrar do prefeito. Faço atividade física na orla quase todos os dias e não tem nada, só o Cariri, que é particular.  Não valorizamos, não só por causa do cachê, a culpa é das gestões que não estimulam a vontade desses jovens conhecerem seus músicos. Falta um planejamento e projetos para que a nossa cultura viva. Vamos continuar cobrando”, afirmou Ricardo.

O vice-presidente da CMA, Fabiano Oliveira (PP), lembrou o músico estanciano Rogério, autor de ‘Sergipe é o País do Forró’, citando, por mais de uma vez, a música que virou bordão. Fabiano ressaltou a necessidade de ações culturais continuadas. “Quando secretário de cultura e turismo e presidente da Emsetur, no governo de Albano Franco, pude viajar o país com o saudoso Rogério e a cantora Amorosa, levando o slogan Sergipe é o País do Forró. Por mim, nós teríamos o Forró permanentemente dentro do aeroporto e rodoviária de Aracaju, dando boas-vindas aos turistas e cidadãos aracajuanos. Já por 2 anos tenho emendas destinadas à Funcaju para apoiar o artista sergipano. Sergipe é o país do forró. Se a cultura baiana, sertaneja, do que for, estiver sobrepondo a nossa musicalidade , que é regional e está incorporada em nossos corações,  que os entes públicos assumam essa responsabilidade”, finalizou Fabiano.  

A Tribuna Livre

A Tribuna Livre é o espaço reservado a cidadãos e entidades que desejam se manifestar a respeito de assuntos que interessem à coletividade; ou convidados que prestam esclarecimentos perante a Câmara Municipal. Na CMA, acontecem às terças-feiras, sempre depois da leitura do Expediente do Dia e antes do Pequeno Expediente.