Tribuna Livre da Câmara discute racismo institucional
O diretor da Sociedade Omolaiye, Ilzver de Matos Oliveira, utilizou o espaço da Tribuna Livre da Câmara Municipal de Aracaju (CMA) na manhã desta terça-feira, 19, para falar sobre racismo institucional e o não cumprimento de cotas pela Universidade Federal de Sergipe (UFS). O professor também fez o lançamento da “Campanha Reaja ao Racismo”, na tribuna da CMA.
Segundo o professor doutor, a Universidade Federal de Sergipe não cumpre a lei de cotas em seus certames. “A UFS abriu 174 vagas, das quais apenas 2 foram destinadas para candidatos negros. Um total de 1,15% quando a lei obriga a aplicação de 20%. Outro levantamento feito pelo Movimento Negro do Estado de Sergipe, de 2014 a 2019, a UFS abriu 227 vagas e destinou apenas 20 para negos e negras, mas na verdade só empossou 8,8%. Ou seja, quando se esperava a entrada de 45 professores negros na UFS, entraram apenas 20. Dos 33 concursos abertos pela UFS, 30 não reservaram vagas para negros no edital”, denunciou.
Ilzver de Matos Oliveira, que foi aprovado em concurso da UFS em Edital nº 011/2019, informou que em janeiro deste ano, o Ministério Público Federal acionou a justiça para que a Universidade Federal cumpra as cotas como se deve. O professor relatou ainda que ele mesmo não foi empossado por, supostamente, ser negro e candomblecista. “Das 18 mil vagas abertas em concursos públicos para professores em Universidades Federais pelo Brasil, 17 mil foram ocupadas por professores brancos. A atuação da Universidade vai de encontro ao STF e, como candidato aprovado e não empossado na vaga, essa ação do MP está em andamento, mas, apesar da UFS ter reconhecido o equívoco na aplicação da regra, ela insiste em dizer que não há a vaga. Só que surgiu vaga no mês passado a partir de uma exoneração de um professor, mas, assustadoramente, a UFS ainda continua com o mesmo argumento. Nisso, estou há mais de um ano sem ser nomeado”, relatou.
O professor aproveitou o espaço da Tribuna Livre na CMA para fazer o lançamento da “Campanha Reaja ao Racismo”. “Diante das graves provas de racismo institucional que impedem a minha posse como professor na UFS é que diversos ativistas, artistas, grupos, coletivos, movimentos, vários parlamentares antirracistas se somaram a causa. Venho a público lançar aqui na Câmara de Aracaju a “Campanha Reaja ao Racismo”, contra o descumprimento sistemático da Lei de Cotas no serviço público pela Universidade Federal de Sergipe”, informou.
Moção de Repúdio contra a UFS
O vereador Professor Bittencourt (PDT), ao anunciar uma Moção de Repúdio contra a Universidade Federal de Sergipe, diz que é lamentável que a instituição seja referência de posicionamentos reacionários. “É inadmissível que a UFS, que é a riqueza do povo sergipano, seja um instrumento de posicionamento grotesco, tosco, infeliz e racista como este. Eu vivi àquela Casa diuturnamente e conheço muito daquele universo. A UFS descumpre a legislação da forma mais perversa por pura discriminação racial. Portanto, conte com minha solidariedade e vamos colocar uma Moção de Repúdio contra essa atitude arbitrária da Universidade Federal de Sergipe”, justificou o parlamentar.
Todos os vereadores que apartearam o professor Ilzver de Matos Oliveira lamentaram a atitude da Universidade Federal de Sergipe e colocaram seus mandatos à disposição. Os vereadores Anderson de Tuca (PDT), Breno Garibalde (União Brasil), Ricardo Marques (Cidadania), Emília Corrêa (Patriota), Sargento Byron (Republicanos), Isac (PDT), Sheyla Galba (Cidadania) e Vinícius Porto (PDT) irão subscrever a moção de repúdio do colega de parlamento, Professor Bittencourt.
Tribuna Livre
A Tribuna Livre é o espaço destinado aos munícipes que desejarem fazer alguma manifestação ou comunicação aos vereadores, sobre assuntos que sejam de interesse da comunidade, ou convidados para prestar esclarecimentos perante a Câmara Municipal.