Sustentabilidade: Câmara Municipal de Aracaju implementa medidas para reduzir consumo de energia elétrica

por Ivo Jeremias - Agência CMA — publicado 03/05/2024 14h35, última modificação 04/11/2024 17h20
Nesse primeiro momento, estão sendo desenvolvidas ações de conscientização com os servidores da Casa

No mês de abril, a Agência de Comunicação da Câmara Municipal de Aracaju iniciou uma série de matérias sobre o Plano de Gestão de Logística Sustentável (PLS) da Casa legislativa aracajuana. As matérias têm sido publicadas às sextas-feiras e tratam de temas presentes nos 4 eixos temáticos do PLS. A primeira foi publicada no dia 19/04 e abordou o uso consciente de copos plásticos na CMA. No dia 26/04, a matéria foi sobre redução do uso de papel na Instituição. Desta vez o assunto é Energia Elétrica.      

O tópico Energia Elétrica está dentro do 1º eixo temático do PLS – “Compras, contratações e usos sustentáveis de recurso” e é relacionado aos Objetivos de Desenvolvimentos Sustentáveis (ODS) da Organização das Nações Unidas (ONU) nº 7º e 12º, respectivamente – “assegurar o acesso confiável, sustentável, moderno e com preço acessível à energia para todos” e “assegurar padrões de produção e de consumo sustentáveis”. 

Desafios na CMA 

De acordo com o PLS, no ano de 1993, “a CMA começou a adquirir e a utilizar computadores em suas atividades administrativas e legislativas. A partir de 2009, diversas medidas foram adotadas e transformaram mais intensamente os procedimentos internos da instituição. A exemplo: implementação de sistema eletrônico de apoio ao processo legislativo – SAPL, contratação de serviços de aluguel, suprimento e manutenção de impressoras, digitalização do arquivamento em papel dos registros de anais e de alguns outros documentos”. 

Se por um lado a informatização dos processos administrativos pode levar a uma economia de até 50% no uso do papel, segundo estimativa da comissão gestora do PLS, o consumo de energia acaba sendo maior, devido à utilização de aparelhos eletrônicos que têm como fonte de alimentação a energia elétrica. De acordo com a Assessoria de Tecnologia da CMA, a instituição utiliza 125 computadores, que ligados em turnos completos de trabalho, considerando que a Câmara funciona no período matutino e vespertino, geram um gasto considerável. 

Contexto e Metas 

Segundo o PLS, “com o crescimento da população residente em Aracaju, junto com riscos e impactos das mudanças climáticas e da geração de energia elétrica no país, o uso racional deste recurso numa instituição pública é uma ação obrigatória entre os esforços por mais sustentabilidade”. O documento diz que medidas nesse sentido já vêm sendo implementadas há alguns anos na CMA, como o aproveitamento da luz natural para iluminar os ambientes de trabalho e a prioridade na aquisição de itens com boa classificação na etiquetagem de eficiência energética. A CMA já adotou o uso de lâmpadas em LED, que duram até 50 vezes mais e são 80% mais econômicas do que as incandescentes. 

O chefe do setor de Tecnologia da Informação (TI) da CMA, Marcos Santana Silva, elencou ações implementadas pelo setor com o intuito de economizar energia na CMA. “Adoção de software de bilhetagem para ajudar no consumo consciente de impressões e cópias, configuração das impressoras para imprimir automaticamente em modo de rascunho, impressão frente e verso para reduzir o consumo de papel e energia, criação de política de desligamento automático dos computadores após um período de inatividade, configuração dos computadores para o modo de economia de energia, redução do tempo que os monitores entram em modo de suspensão quando não estão em uso”. 

Apesar dos gastos significativos com uso de computadores, o vilão do consumo de energia é outro. O engenheiro Ivan Dortas, da Divisão de Serviços Gerais da CMA, aponta o uso do ar-condicionado como um dos principais responsáveis pelo consumo de energia na instituição. 

“Nosso maior desafio na Câmara Municipal de Aracaju é a questão do uso do ar-condicionado. É onde consumimos mais energia e o principal gargalo que temos para redução do uso da energia. Como o verão veio muito quente esse ano, os aparelhos tiveram que funcionar a todo vapor, então acaba que o consumo de energia acaba sendo maior, principalmente nessa época do ano. Estamos estudando e incrementando outras alternativas como o uso das lâmpadas de LED; sobre essa questão da sustentabilidade com relação ao uso do ar-condicionado, temos ido aos setores e conversado com as chefias e colaboradores para criar uma rotina diária sobre o uso adequado. Ações simples, como apagar a luz ao deixar o setor por último e desligar os aparelhos de climatização quando o uso não for necessário”, declarou Ivan. 

De acordo com Ivan, a curto prazo, foi definido como meta conscientizar os servidores a adotarem práticas sustentáveis. “A longo prazo, a ideia é partir para energia solar, energias renováveis, sustentáveis, que são muito importantes para o funcionamento sustentável do órgão”, anunciou o engenheiro, sem deixar de observar que não existe a certeza de que isso será possível. Os valores do investimento inicial para adoção do uso de energia solar e as dificuldades de realizar grandes reformas em edifícios tombados como o Palácio Graccho Cardoso podem explicar a incerteza. 

Consumo Consciente 

O equilíbrio é um caminho a ser trilhado. A analista administrativa e presidente da comissão que elaborou o Plano de Gestão de Logística Sustentável, Verena Dalton, explica que existe um esforço no sentido de implementar práticas que levem a uma redução no consumo da energia elétrica. 

“O nosso foco é maior sobre o uso racional desta energia, mobilizando e conscientizando as pessoas para que somente liguem e mantenham ligado o que fizerem uso, evitando desperdícios e utilizando a configuração de seus equipamentos em modo de economia. No ano passado, colaboramos para a emissão de uma circular orientando sobre o desligamento dos equipamentos e, em breve, reforçaremos suas orientações junto aos setores, informando também o procedimento a ser adotado para aviso de situações de perdas e desperdício, que passamos a monitorar mais de perto. Além disso, as equipes envolvidas nas compras e contratos já estão dando prioridade a itens com boa classificação na etiquetagem de eficiência energética”. 

A presidente da comissão observou que além da sede, a CMA funciona em outros prédios. São eles, a Escola do Legislativo Neuzice Barreto e dois anexos. Segundo Verena, há muito a ser levado em conta na construção e planejamento das ações inseridas no PLS. “Para definirmos o foco do trabalho dentro deste tema, a Comissão precisou discutir e considerar a história da CMA, sua infraestrutura e as dinâmicas recentes que têm ocorrido no seu funcionamento. Além da sede do parlamento aracajuano, atualmente, também temos unidades organizacionais funcionando em outros três endereços, sendo que um deles, o Anexo II, foi ocupado muito recentemente”, declarou Verena. 

Tradição e História 

Há beleza e tradição em ocupar um patrimônio histórico no centro de Aracaju como o Palácio Graccho Cardoso, entretanto, há também restrições materiais e legais para realizar mudanças físicas em um edifício tombado, que não pode ser modificado ou restaurado, sem a prévia autorização do órgão responsável pela conservação do bem. O Palácio Graccho Cardoso foi inaugurado em 1872, como sede do colégio Atheneu Sergipense. O local já abrigou da Biblioteca Pública do Estado e a Diretoria do Tesouro do Estado. O tombamento aconteceu em 1991, em ato regulamentado pelo decreto nº 12.039, de 22/01/1991 do estado de Sergipe. Desde 1989 a Câmara Municipal funciona no prédio. 

O Palácio Graccho Cardoso dispõe de 1.103 m² de área construída, um espaço físico limitado – para uma instituição em expansão como a CMA, que na próxima legislatura contará com mais 2 vereadores e que já convocou e deu posse a mais de 100 servidores efetivos do último concurso, realizado em dezembro de 2021. 

“Desde 2022, temos gradualmente preenchido nosso quadro de servidores efetivos com mais concursados, aumentou o número de computadores em uso, foi ampliado o tempo do expediente, estão sendo realizadas mais audiências públicas, cursos e outros eventos, entre outras atividades que demandam também uso de energia elétrica. Assim, estamos numa crescente de consumo energético dentro das dependências da CMA, mas acreditamos que podemos ser mais eficientes no uso dos nossos recursos”, afirmou Verena. 

Em 2023, o consumo de energia elétrica na Câmara Municipal de Aracaju foi de 199.791 Kwh. A meta do PLS para os 12 meses seguintes é alcançar 5% de redução desse consumo na instituição. Para tal, o documento prevê ações como acompanhamento mensal do consumo energético, monitoramento de situações de perdas e desperdício energético, especialmente, fora de horário de expediente, criação de procedimento de aviso aos setores envolvidos em casos de perdas ou desperdício de energia elétrica identificados e identificação de lâmpadas de menor eficiência energética ainda em uso e planejamento de sua substituição por opção mais sustentável. 

PLS 

O Plano de Gestão de Logística Sustentável (PLS) está em vigor desde 05 de abril de 2024 e foi estruturado conforme as orientações da Rede Nacional de Sustentabilidade no Legislativo (RLS), à qual a CMA formalmente aderiu em junho de 2023 para participar de relevante intercâmbio de experiências e conhecimentos junto a pioneiros na área, como o Senado Federal, a Câmara de Deputados e o Tribunal de Contas da União.

O Plano de Gestão de Logística Sustentável é composto por 04 eixos norteadores. O primeiro deles é “Compras, contratações e usos sustentáveis de recurso”, que abrange temas ligados ao material de consumo, redução do uso de papéis para impressão e copos descartáveis, boa gestão da energia elétrica, dos documentos e da água. O segundo eixo diz respeito à gestão de resíduos sólidos e coleta seletiva. O terceiro eixo diz respeito à sensibilização, conscientização e capacitação contínua para promoção da sustentabilidade, que visa promover ações de comunicação que informem e incentivem servidores, assim como a sociedade em geral a adotar comportamentos sustentáveis de consumo consciente. Por fim, o quarto eixo refere-se à qualidade de vida no ambiente de trabalho, que assegura uma vida saudável e promove o bem-estar para todos em todas as idades.