Projeto de lei, de autoria de Lucas Aribé, propõe feiras de troca de brinquedos em Aracaju
“As crianças são bombardeadas por propagandas todos os dias, principalmente nos canais infantis da TV a cabo, e tendem a pedir todos os brinquedos que veem. Aqui em casa, nós temos o hábito de fazer frente a esses impulsos do consumo e dar presentes somente em ocasiões especiais. Certa vez, participamos de uma feira de troca de brinquedos no Parque da Sementeira e a experiência foi muito gratificante, pela relação que se estabelece entre as crianças, o saber ceder para fazer o outro feliz e receber em troca”, rememora o jornalista Thiago Paulino, pai dos pequenos Heitor, 5, e Helena, 2 anos.
Muito em breve, pais e filhos como Thiago, Heitor e Helena poderão exercitar o desapego em diversas feiras de trocas de brinquedos organizadas pela Prefeitura Municipal de Aracaju (PMA) e distribuídas por toda a cidade. Para isso, basta que seja aprovado o projeto de lei 162/2018, de autoria do vereador Lucas Aribé (PSB). Protocolado na Câmara Municipal de Aracaju (CMA) no último dia 30, o PL dispõe sobre a instituição de feiras de trocas de brinquedos em parques e outros espaços públicos da capital.
A proposta das feiras de trocas é estimular pais e filhos a repensarem o consumo, darem destino a brinquedos que só ocupam espaço em casa e incitar nas crianças o exercício do desapego e a capacidade de negociar. De acordo com o projeto, as feiras serão realizadas exclusivamente para troca, portanto, compra ou venda de produtos são proibidos. “Estes eventos são exercícios de desapego e podem contribuir para a formação de valores menos materialistas. Além de uma atividade divertida, as feiras de troca possibilitam entrosamento e socialização entre crianças e adolescentes. Mais do que trocar brinquedos que já não despertam a atenção, a experiência é enriquecedora por propiciar novos significados a objetos antigos e ensinar aos pequenos que as relações não precisam ser pautadas apenas na compra”, explica o vereador Lucas Aribé.
“A criança passa por momentos de egocentrismo na fase de desenvolvimento da socialização. Pedagógica e socialmente falando, toda atividade que permita o compartilhar é um momento de construção no qual ela percebe a importância de contribuir, de poder soltar seus sentimentos no sentido da solidariedade. Esse momento de desapego a um objeto seu faz com que a criança perceba a importância de lidar com o outro, desenvolver seu emocional e ao mesmo tempo contribuir para a felicidade de alguém. Isso desenvolve não só o lado psicológico, mas também o social, mostrando a ela que devemos viver uma vida de amor, harmonia e compartilhamento”, analisa a psicopedagoga Vanda Salmeron.
Segundo o projeto, as feiras poderão acontecer em espaços públicos abertos ou fechados e a Prefeitura de Aracaju poderá firmar convênios com entidades não governamentais para a realização do projeto. Caso seja aprovado, o prazo de regulamentação é de até 90 dias, a partir da data da publicação da lei.