Palhaço Soneca quer valorizar categoria que sofre preconceito nas ruas
“Deixe para outro dia..... Hoje não tenho um centavo! Por que não arranja um emprego decente?”. As frases ditas até hoje estão guardadas na memória do vereador Palhaço Soneca (PPS), que durante 15 anos lavou e “guardou” carros nas ruas da capital sergipana. “Me lembro que tinha vezes que voltava para casa com 10 reais no bolso após 10 horas de trabalho. Era um atividade digna, mas muita gente não considerava”, lamenta o ex-flanelinha, que na mesma época fazia shows de humor, e mais tarde seria eleito vereador por Aracaju.
Nos tempos de flanelinha, Palhaço Soneca conta que trabalhava de segunda a sábado num mesmo ponto da capital. “Com chuva ou sol, saía para trabalhar na praça da Imprensa, situada no bairro Salgado Filho. Gostava de ficar no mesmo lugar, pois a clientela já me conhecia. Lá, evitei alguns furtos de carro, por outro lado recebia almoço de alguns moradores da região. O pessoal gostava de mim. Dizia para eu estudar e procurar um emprego de carteira assinada. Hoje, agradeço o conselho e repasso para todos os colegas que lá deixei”, recomenda.
O político confessa que outras pessoas também ganhavam o pão de cada dia honestamente, mas nunca escaparam do olhar preconceituoso de motoristas, passageiros, pedestres, etc. “A regra geral é de discriminação contra os flanelinhas. Uma pena”, reconhece.
Hoje na condição de vereador, Soneca quer valorizar a categoria que um dia fez parte e se orgulha bastante. Por isso, protocolou na Câmara Municipal de Aracaju um Projeto de Lei que institui o Dia do Guardador e Lavador de Carros, também conhecido como “Flanelinha”, a ser comemorado anualmente no dia 02 de setembro.
De acordo com o parlamentar, a atividade de lavar e guardar carro, bem como orientar motoristas no trânsito, deve ser reconhecida como profissão digna e que garante sustento a muitos jovens de origem humilde. “Esse serviço é executado por cidadãos que se esforçam diariamente para desempenhar atividade honesta em meio a um quadro de grave desigualdade social no Brasil. Sei que existem pessoas do bem e outras não, como em qualquer área, mas posso assegurar que a maioria é gente do bem. Dessa maneira, o cidadão que trabalha honestamente merece ser respeitado, assim a criação de um dia no calendário oficial do município trará respeito e dignidade a esta classe tanto sofrida”, acredita.