Operação Cajueiro: “47 anos dessa ação arbitrária”, relembra Bittencourt

por David Rodrigues - Assessoria de Imprensa do Parlamentar — publicado 28/10/2024 07h00, última modificação 04/11/2024 15h21
Operação Cajueiro: “47 anos dessa ação arbitrária”, relembra Bittencourt

Foto: Gilton Rosas

O vereador Professor Bittencourt (PDT) utilizou a Tribuna na sessão da última quinta-feira, 23, para relembrar a passagem dos 47 anos da deflagração da Operação Cajueiro, em Aracaju. A iniciativa criminosa cujo objetivo era acabar com o Partido Comunista Brasileiro, em todo o território nacional, prendeu mais de 25 sergipanos, além de processar 18 soldados e um deputado estadual.

“Em 1976 eu tinha 7 anos. Morava na Vila Operária do bairro Industrial e neste dia 20 de fevereiro eu me recordo muito bem que chegaram a minha casa alguns homens que deram voz de prisão ao meu pai. Mexeram em tudo que é canto da minha casa, procuram documentos que eu, naturalmente na época, não tinha noção do que era aquilo, encapuzaram o meu pai e o colocaram dentro de um carro, levando-o para o 28 BC. Hoje o meu pai está com 97 anos e foi preso nesta Operação Cajueiro e, com ele, outros tantos sergipanos”, relembra Bittencourt.

Em seu discurso, o parlamentar enfatizou as diversas torturas vivenciadas pelos sergipanos, especificamente Milton Coelho, que ficou cego devido à pressão da borracha que lhe vendava os olhos.

“Foi um momento em que esses homens e tantos outros foram levados ao 28º Batalhão de Caçadores, foram encapuzados e ao chegar lá, eram naturalmente agredidos, ficavam nus, vestiam um macacão e eram submetidos a uma série de torturas, torturas das mais diversas. E dessa tortura, saiu do 28 BC cego, o Milton Coelho. Você imagina o que é alguém chegar, levado pelos órgãos de segurança pública, ser sequestrado, aprisionado, torturado e sair cego, porque lutava em favor da democracia? Porque era contra o regime de exceção da ditadura militar e civil instaurada no Brasil em 1964, porque se colocava contrário a todas as arbitrariedades, violência, sequestro, tortura, isso tudo que nós devemos ser contra”, pontuou”.

Para Bittencourt, é preciso que a Operação Cajueiro seja sempre lembrada para que momentos como esse não venham a se repetir na nossa história. “É importante ressaltar que faz 47 anos dessa ação arbitrária. Eu faço questão de lembrar desse momento, porque é uma página muito delicada da nossa história e que fico muito triste ao ver, vez por outra, pessoas defendendo o fim da democracia, a restauração do governo de exceção da ditadura civil e militar”.

Por fim, o vereador utilizou o espaço para fazer um apelo: “o relatório da Comissão Estadual da Verdade foi produzido apenas de modo digital, que é muito importante, mas eu queria fazer um apelo ao governo do estado para que esse relatório fosse publicado fisicamente, para que as pessoas pudessem ter acesso a ele nas bibliotecas, e de certa forma, ser dada mais visibilidade ao conteúdo”, destacou.