"O Poder Público dá as costas para o calazar e são os cães que pagam essa conta", lamenta Kitty

por Felipe Maceió, Assessoria de Imprensa do parlamentar — publicado 16/11/2018 13h10, última modificação 16/11/2018 13h08
"O Poder Público dá as costas para o calazar e são os cães que pagam essa conta", lamenta Kitty

Foto: Gilton Rosas

Os recentes casos de pessoas que contraíram calazar em Sergipe tem chamado a atenção da vereadora Kitty Lima (Rede) que, preocupada com a disseminação de informações equivocadas quanto à transmissão da doença, fez um discurso esclarecedor no plenário da Câmara Municipal de Aracaju (CMA) a fim de desmistificar a cultura popular que atribui aos cães a culpa pela proliferação desse mal. 

A parlamentar se mostrou bastante preocupada com a forma como o assunto está sendo exposto nas mídias, colocando o animal como culpado pela proliferação do calazar e, consequentemente, pelas mortes de quem contraiu a doença. 

"Eu preciso esclarecer à população que o animal é tão vítima quanto nós humanos e que na verdade quem transmite essa doença é o mosquito Palha, que cresce em número devido à falta de saneamento básico, limpeza urbana e de políticas públicas que envolvam também a castração e controle populacional de animais. Todas essas situações contribuem para que o mosquito ache o ambiente propício para se reproduzir, e quem paga a conta por todos esses problemas que o Poder Público dá as costas são os cães que acabam sendo alvo da população que acredita que eles são os culpados pelo surgimento da doença", pontuou Kitty. 

O calazar é a forma mais grave da leishmaniose visceral, transmitida tanto aos humanos, quanto aos cães pelo parasita através da picada do mosquito fêmea contaminado. Ao contrário do que muitos acreditam, essa doença não é originária dos cães, que na verdade, são tão vítimas quanto os seres humanos. 

"Eu conheço diversos casos de pessoas que contraíram a doença que sequer possuem animal dentro de casa, reforçando o fato de que o cão não é o culpado pelo surgimento dessa doença. O que leva ao aumento do índices de ocorrências do calazar é o ambiente favorável à sua proliferação, por isso não adianta punir o animal. Em Alagoas, por exemplo, querem exterminar cerca de 10 mil cães devido aos casos confirmados de calazar por lá. Isso é um crime e não resolve o problema da zoonoses, só demonstra o total desconhecimento de uma prefeitura e de um governo que acha que é promovendo a matança desses animais que o problema será resolvido. Não vai", afirmou a vereadora. 

De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), o extermínio de animais não é considerada uma estratégia eficaz para frear a proliferação da leishmaniose e do calazar. 

"Ações drásticas como essa já foram tomadas no passado e não apresentaram resultados positivos. Os índices de casos de leishmaniose não baixaram por um motivo óbvio, o mosquito é o responsável por espalhar a zoonoses, não o animal", esclareceu Kitty. 

Castramóvel 

Aracaju é a única cidade do estado a possuir uma política pública de controle populacional de cães e gatos. A iniciativa de autoria da vereadora Kitty Lima, que promove a castração desses animais, contribui ainda para a redução do número de zoonoses, medida que, segundo a parlamentar, deveria ser seguida por outros municípios sergipanos. 

"Outras prefeituras deveriam implementar esse projeto como uma política pública eficaz no combate às zoonoses. Aqui em Aracaju nós já iniciamos esse serviço, mas precisa melhorar muito ainda sua atuação porque é necessário agora realizar a castração de cães e gatos fêmeas, como determina a lei. A Prefeitura de Aracaju está inerte quanto a castração dessas fêmeas e eu vou recorrer à Justiça pra resolver isso", garantiu Kitty, que reforçou que paralelo as iniciativas de controle populacional de animais, as prefeituras devem promover ações que assegurem a existência de saneamento básico eficaz e limpeza urbana rotineira. 

"Estamos lidando com a vida das pessoas e dos animais, não podemos brincar com isso. A falta dessas iniciativas só demonstra a total falta de responsabilidade das gestões e por isso temos que colocar um ponto final nessa mentira deslavada de que a culpa pela proliferação do calazar é dos cães. Esse discurso só instiga a violência contra esses animais que além de ser uma crueldade enorme não resolve o problema. Amem os animais porque eles também precisam de cuidados e cobrem do Poder Público as medidas necessárias de combate à leishmaniose e ao calazar", pediu Kitty.