Lucas Aribé: pessoas com deficiência ainda lutam contra o preconceito
Por muito tempo, a sociedade optou por um olhar depreciativo em relação às pessoas com deficiência, cujo Dia Internacional é celebrado neste 3 de dezembro. Mas a luta contínua pela conquista de condições que permitam a real inclusão desses cidadãos nas mais diversas espaços de interação social tem permitido a construção de uma abordagem não excludente.
O censo mais recente do IBGE calculou uma população de mais de 500 mil pessoas com deficiência em Sergipe, cerca de 135 mil vivendo em Aracaju. Como o levantamento ocorreu há uma década, esse número já é bem maior. Contudo, infelizmente, esses indivíduos não são percebidos em sua integralidade.
Primeiro vereador com deficiência de Aracaju, o jornalista Lucas Aribé tem dedicado sua atuação parlamentar à busca pela efetivação das políticas públicas que garantam uma cidade acessível e, portanto, democrática. Segundo ele, não se pode pensar em respeito sem que todos os cidadãos tenham as mesmas oportunidades de desenvolvimento.
“O preconceito ainda existe porque muitas pessoas não aceitam as diferenças. Quando se trata de pessoas com deficiência, ainda há um certo desconhecimento das particularidades, e isso gera obstáculos no dia a dia, às vezes, até em nível de aceitação do outro como um cidadão que tem os mesmos direitos, porém, não tem as mesmas oportunidades”, pondera Lucas.
Barreiras do preconceito
Em outubro de 2011, quando tinha apenas 19 anos, Rayr Barreto sofreu um acidente de moto e ficou paraplégico. A partir daí, teve que aprender a se locomover de outra forma e encontrou no esporte uma maneira de eliminar barreiras. Hoje, aos 27 anos, o jovem é atual campeão brasileiro de Paraciclismo. “A pior face do preconceito é a sociedade achar que somos incapazes, mas aí é onde as pessoas se enganam. Saí de uma cidadezinha do interior de Sergipe e conquistei o Brasil, entre os 20 melhores do mundo. O esporte ajudou em tudo na minha vida, tanto em sair do sedentarismo, quanto em mostrar que nós somos capazes de fazer tudo que quisermos”, garante.
O jovem universitário Everson Oliveira Silva da Paixão também conhece as barreiras impostas pelo preconceito. Ele, que é surdo, sente diariamente como a sociedade ainda exclui as pessoas com deficiência. “Por sermos uma minoria linguística, a sociedade não nos reconhece e tende a não nos enxergar, reforçando as dificuldades em nossa vida, como a falta de comunicação. Eu já tentei incentivar minha família e amigos para que aprendam Libras, mas eles não demonstram interesse. E essa falta de comunicação nos impede de ter acesso, por exemplo, a diversos serviços que são direito de todos, como ir ao médico, ou ao banco”, lamenta.
Essas histórias, conforme Lucas, reforçam a compreensão de que a deficiência precisa ser avaliada não apenas a partir da vertente médica, mas como resultado da interação do impedimento físico, mental, intelectual e sensorial, com as barreiras da sociedade gerando restrição de participação social, assim como estabelece os novos normativos internacionais. “Em praticamente em todos os momentos da vida, o preconceito existe. É fundamental que possamos eliminar as barreiras atitudinais, e isso pode ser feito com empatia e inclusão, afinal, todos nós nascemos livres e iguais em dignidade e direitos”, ratifica o vereador.