Linda protocola PL que estabelece o Dia Municipal da Mulher Negra - Rejane Maria Pureza do Rosário
A vereadora Linda Brasil (PSOL) protocolou o Projeto de Lei nº 57/2021, que inclui no Calendário Oficial de Aracaju o Dia da Mulher Negra – Rejane Maria Pureza do Rosário, a ser comemorado anualmente no dia 25 de julho. A data já simboliza outras duas importantes celebrações, o Dia Nacional da Mulher Negra – Dia Tereza de Benguela, e o Dia Internacional da Mulher Negra Latino-americana e Caribenha, em alusão ao 1º Encontro de Mulheres Negras Latino-americanas e Caribenhas, ocorrido em 1992 na República Dominicana.
No Brasil, a data foi instituída em 2014: o dia 25 de julho foi nacionalmente reconhecido como do Dia da Mulher Negra e de Tereza da Benguela, conforme a Lei 12.987/2014. A homenagem leva o nome de uma importante liderança quilombola, a qual assumiu o Quilombo Quariterê, um dos quilombos que mais teve resistência contra a violência colonial.
Na tradição das grandes guerreiras, o PL propõe homenagear e dar visibilidade à história de lideranças como Rejane Maria Pureza do Rosário, mulher negra, mãe de Lindiwe Makini e militante incansável dos Direitos Humanos e da luta antirracista. Não à toa, nascida no dia 21 de março (Dia Internacional de Combate à Discriminação Racial).
Mulher de axé, filha do Ile Asé Opo Osogunladê, do Babalasé Reginaldo Daniel Flores, Ogum Toorikpè, carregava consigo o poder matriarcal das ancestrais africanas. Angoleira, foi uma das idealizadoras do Grupo Abaô de Capoeira, grupo esse que realiza inúmeras ações de cunho educativo e formativo de enfrentamento ao racismo.
Deixou sua marca em diversas organizações sociais negras, como a União de Negros pela Igualdade (UNEGRO), a Sociedade Afro-Sergipana de Estudos e Cidadania (SACI) e a Sociedade de estudos étnicos, políticos, sociais e culturais Omolàyé.
Sua atuação, no Município, foi fundamental, em diversas frentes, como na valorização das culturas de matrizes africanas, direitos das crianças e adolescentes em situação de risco, equidade nas relações de gêneros e contra a intolerância religiosa. Rejane, que também era capoeirista e feminista, fora ardente defensora da leitura e educação e idealizou o projeto Ponto de Cultura Batuque de Angola, espaço para a comunidade do Bairro Industrial, cuja sala de leitura leva seu nome.
Sua trajetória fez brotar, nesta capital, o Coletivo de Auto-organização de Mulheres Negras de Sergipe Rejane Maria, que promove a troca de experiências entre mulheres negras sergipanas de vários segmentos sociais, estimulando-as a refletir e debater sobre a complementaridade de suas lutas e estabelecer redes de solidariedade para a atuação nas instituições e nos movimentos.