Linda Brasil fala sobre ‘8 de março é dia de respeito’ em Live do Parlamento Digital

por Agência Câmara Aracaju — publicado 28/10/2024 07h00, última modificação 30/10/2024 15h10
Linda Brasil fala sobre ‘8 de março é dia de respeito’ em Live do Parlamento Digital

Arte: Vanessa Passos

Em homenagem ao Dia Internacional da Mulher, a Câmara Municipal de Aracaju realizou nesta terça-feira, 8, a Live do Parlamento Digital pelo perfil oficial da Casa Legislativa no Instagram com a vereadora Linda Brasil (PSOL). O bate-papo foi conduzido pelos jornalistas Martha Mendonça e Vinicius Andrade.

Englobando debates diversos sobre o tema, a convidada respondeu e apresentou seu ponto de vista sobre diversos pontos, entre eles: LGBTQIA+, violência feminina, assédio, movimento feminista, luta e história de vida.

Iniciando a conversa, Martha Mendonça comentou sobre os desafios das mulheres. “Hoje não é um dia de comemoração e celebração, é um dia de luta, é o dia onde temos mais voz e nossas dores são ouvidas. Esta é a legislatura com maior número de vereadores, tendo apenas quatro parlamentares, de 24 vereadores que compõe a Câmara”.

Ao responder o questionamento, Linda Brasil foi enfática. “Sou a primeira vereadora trans na Câmara de Aracaju, somente nossa presença já está descontruindo muitos vícios. O sistema machista, patriarcal e lisógeno que foi construído desde o início do Brasil precisa ser mudado, já está ultrapassado. Quando entrei na Câmara fui acusada de estar ferindo a língua portuguesa por usar a palavra Mandata”, destacou.

A parlamentar comentou sobre o tema e os desafios. “São várias tentativas de desqualificar e destorcer nossas pautas. Na universidade lutei junto a luta feminista, onde me envolvi no movimento estudantil, só depois que me envolvi no LGBTQIA+. Mesmo no movimento feminista, a ala mais radical, não aceita”, analisou Brasil.

A vereadora ainda continuou. “Precisei vencer várias imposições de gênero, que não era coisa de Deus, além de ter passado pela minha aceitação, que já não é fácil. Você ter a consciência de quem você é, de lutar para que o estado reconheça quem você é. Tudo isso foi muito gratificante”, frisou Linda.

Ao ser provocada pelo jornalista Vinicius Andrade, a vereadora disse. “Sou uma mulher trans, mais tive a sorte de ter dona Carminha como mãe, pessoa que me compreendeu meu nome. Quando tive a consciência do que era respeito, pedi que minha família se esforçasse para aceitar. Porque se as pessoas que me amam não respeitassem, como era que iria conseguir que um estranho respeitasse”.

A jornalista citou o Big Brother Brasil, programa que conta com uma travesti e os participantes trocam os pronomes de forma recorrente. “Algumas vezes percebemos que é sem querer, mas, muitas das vezes trocam de propósito e Lina já não corrige mais. Isso deve ser um ato natural, você chamar a pessoa pelo pronome que ela deseja, seja masculino ou feminino”, disse Martha.

Ao responder, a vereadora Linda Brasil ponderou. “As pessoas não se incomodam se tem travesti no programa, desde que não mudem seus paradigmas. Vivemos em uma sociedade estruturada, onde a sociedade estereotipa e nos marginalizam. Quando temos consciência disso, que a culpa é do outro, precisamos mudar a educação. Por isso que eles distorcem nossas pautas, nós não queremos induzir ninguém sobre a orientação social. Se tivesse esse poder, não desejaria a ninguém o que passei, o sofrimento. Sou Paulo Freiriana, tenho esperança na sociedade. Essas pessoas não são a favor do diálogo”.

Linda também destacou alguns dados relevantes da luta LGBTQIA+. “O Brasil é campeão mundial em assassinato da população LGBTQIA+ e nós precisamos noticiar e denunciar esse sistema opressor que ainda existe no Brasil. Precisamos de sabedoria para discernir sobre a violência de gênero, tenho certeza que quanto mais de nós estejamos ocupando espaços na política pública, mais leis serão criadas e a população conscientizada”.

Finalizando sua participação, Linda comentou sobre sua expectativa de futuro. “Espero que a Câmara Municipal de Aracaju possa servir de exemplo para outras e também espero que cada vez mais pessoas do LGBTQIA+ possam ocupar esses espaços. Devemos defender nossas bandeiras sem ferir a luta do outro”.