Linda Brasil defende a democracia e o Estado laico

por Laila Oliveira, Assessoria de Imprensa da parlamentar — publicado 28/10/2024 07h00, última modificação 28/10/2024 16h02
Linda Brasil defende a democracia e o Estado laico

Foto: Assessoria de Imprensa

Na manhã desta quinta-feira, 26, a vereadora Linda Brasil (PSOL) reafirmou no Grande Expediente a sua concepção política, e como tem trilhado o caminho da democracia, justiça, inclusão e liberdade, prezando pelo respeito às diferenças e lutando contra o apagamento histórico e o negacionismo científico.

Eu acredito em uma concepção política que não se pauta pelo esmagamento da minoria, muito pelo contrário, acolhe a divergência para formular uma síntese, um projeto comum em que caibam todos e todas, sem deixar ninguém para trás. Uma concepção política orientada por um programa político de defesa da classe trabalhadora explorada e das minorias sociais oprimidas. Todo mundo que me conhece e que votou em mim sabe que esse é o meu discurso e a minha prática política. Tem sido assim nas ruas, nossa trincheira de luta, e também nesta casa legislativa”, colocou.

A parlamentar informou como pensadores contemporâneos como, Norberto Bobbio e John Rawls, alargaram a noção de democracia e igualdade e deram sustentação teórica para diversas ações afirmativas e formulações de leis e políticas públicas no mundo inteiro. Os intelectuais refletiram a importância de reconhecer as diferenças e as injustiças para a superação das desigualdades sociais.

Portanto, quando, nesta casa, me posiciono contra estruturas, instituições, ou posicionamentos políticos que oprimem pessoas e fazem com que a desigualdade social e injustiças avancem, ferindo princípios democráticos de indivíduos ou de grupos sociais discriminados, eu não estou me vitimizando. Eu estou, na verdade, evocando princípios humanitários e coletivos, frutos de um avanço civilizatório. Eu estou tentando discutir com os meus pares sob uma perspectiva de aprofundamento da democracia e isso incomoda”, afirmou.

Linda trouxe como exemplo da luta pelo fim da violência de gênero na política, a trajetória de Marielle Franco, o tema já é encampado pelo TSE através de campanhas educativas na televisão, a Câmara Federal tem realizado diversas audiências públicas e o Ministério Público de Sergipe realizou reuniões nesse sentido, onde a parlamentar foi convidada a participar.

A vereadora reforçou que reconhecer que as opressões como o racismo, machismo e a LGBTfobia estrutural existem, inclusive nas instituições, é uma forma de promover mudanças.

Eu já ouvi aqui que eu ameaço a democracia, que minha fala é desnecessária, que sou reativa. Já fui ameaçada e intimidada com promessas de comissão de ética. Também já ouvi que quero fazer da Câmara de Aracaju um “puxadinho do meu quintal”, embora, até hoje eu não tenha feito um único discurso de propaganda sobre os diversos movimentos sociais que participo e organizações que ajudei a fundar e que dão assistência às pessoas vítimas de violência e também dos discursos de ódio fundamentalistas que até induzem sorrateiramente pessoas ao suicídio”, enfatizou.

A educadora destacou como o pensamento religioso de forma arcaica, conduzindo às instituições, tem prejudicado a democracia, uma vez que vivemos em um Estado laico. “Este é um avanço democrático e civilizatório, que eu defendo e que é mais uma trincheira de luta pra mim também, porque vimos historicamente que a teocracia gera intolerância, perseguição, justificou a catequização e matança dos povos indígenas, as cruzadas, as fogueiras da inquisição, tudo contrário aos ensinamentos de Jesus”, pontuou.

Linda lembrou que as mulheres feministas foram perseguidas ao lonso da história da humanidade, e que essa violência foi alimentada pelodogmatismo religioso, dos que, ainda nos dias de hoje, utilizam textos do velho testamento para justificar seu ódio e, para isso, ainda têm coragem de usar o manto constitucional da liberdade religiosa.

A votação do impeachment da presidenta Dilma evidenciou muito isso, ficou escancarada a expressão da fé em Deus para destilar misoginia, perseguição e ódio à diferença. Liberdade para chamar alguém de menos humano? Liberdade para se arvorar de Deus e julgar quem deve ou não existir socialmente? Liberdade para suprimir o direito a individualidade e a vida? Os direitos humanos coexistem, não posso em nome da liberdade de crença invalidar outros. Pessoas são levadas ao suicídio por ouvirem que são aberração para Deus”, ressaltou.

A vereadora salientou a gravidade de se aplaudir um ex-Advogado Geral da União omisso a um governo corrupto e genocida que cultua torturadores, e que se posiciona contrário aos direitos de minorias sociais no exercício de sua profissão e enquanto pessoa pública. Ações como essas comprometem a ideia de uma democracia que considere os direitos dos grupos mais vulneráveis.

A indicação do ex-Advogado da AGU é a concretização da promessa do presidente, que disse que indicaria um ministro “terrivelmente evangélico” para o STF, porque sabe que, até hoje, todos os direitos das pessoas LGBTQIA+ foram conquistados através da Suprema Corte, justamente porque no legislativo, municipal, estadual e federal se perpetuam grupos políticos fundamentalistas, disfarçados de conservadores, que legislam em causa própria e contra os direitos de toda a classe trabalhadora e em favor de suas ideologias reacionárias.

Eu sou cristã, acredito em Deus que é mãe e que é pai, defendo a vida e o Estado Laico. Não sou a favor do uso da fé para justificar a barbárie, o ódio e a violência. Deus é amor. Jesus andou com os pobres e com as prostitutas. Jesus não morreu pelos “nossos pecados”. Jesus morreu porque confrontou o Templo, um sistema de dominação e exploração dos pobres. Suas palavras guiam o meu espírito, a minha humanidade, mas a minha prática política é determinada por uma concepção de classe, libertária, de profundo respeito pelas diferenças e pela constituição brasileira”, declarou.