Igualdade racial é tema de debate na Câmara Municipal de Aracaju
O estatuto de igualdade racial e intolerância religiosa, e o descaso com a população negra aracajuana foram o tema da Tribuna Livre desta terça-feira, 21, na Câmara Municipal de Aracaju (CMA), que contou com a participação da presidente da Associação de Mulheres e Adolescentes Negras de Sergipe (Amanser), Maria Elisângela Santos.
A representante da Amanser pediu aos vereadores uma atenção especial a um projeto de lei que tramita na Casa, de autoria do vereador Breno Garibalde (União Brasil), que trata do Estatuto da Igualde Racial e Intolerância Religiosa. “O texto nacional foi aprovado em 2010 e, até hoje, Aracaju não tem o seu, um verdadeiro atraso”, lamentou Maria Elisângela Santos.
Ainda de acordo com a presidente da associação, a cidade de Aracaju tem muita dificuldade em promover políticas públicas para a população negra. “É muito difícil fazer política pública para preto, de conversar sobre questões negras. Ano que vem é ano de eleição e a maioria dos cabos eleitorais é negro, isso a partir de uma avaliação que estou fazendo desde 2018, mas não temos esse olhar e quero que pensem políticas públicas para a população negra”, cobrou.
E no entendimento de Maria Elisângela, é preciso que o poder público tenha uma atenção especial com a população negra. “Peço que os senhores vereadores conversem com o prefeito, para que ele coloque uma secretaria que, efetivamente, desenvolva uma política pública eficiente, porque estamos nos sentido desamparados do básico”, desabafou.
“Esse projeto está em tramitação e peço que olhem com atenção esse estatuto, porque a população negra , de matriz africana, é a mais afetada. Olhem com atenção especial porque é o nosso futuro, são as nossas vidas e Sergipe é o estado quem mais mata e encarcera a população negra”, revelou Maria Elisângela Santos.
Apartes
Para o vereador Breno Garibalde, o poder público tem uma certa parcela de culpa nessa questão. “Infelizmente, o poder público chega muito pouco e precisamos levantar essa bandeira, cada vez mais forte, porque não é mimimi, é a dor de quem carrega o preconceito nas costas”, lamentou.
O vereador Bigode do Santa Maria (PSD) lembrou que as desigualdades sociais continuam ao longo da história. “As desigualdades sociais ainda permanecem e ainda temos a escravidão, só que mais silenciosa, principalmente para nós, que moramos na periferia”, afirmou.
A vereadora Emília Corrêa (Patriotas) fez questão de ressaltar que, por ser uma mulher branca, não tinha como sentir a dor da população negra, mas que era solidária a esse sofrimento. “Enquanto ouvia a sua fala, Maria Elisângela, sentia, dentro de mim, e tentava me transportar para essa dor, mas não tem como, mas vou me somar a esse projeto porque é um assunto que temos que discutir porque Aracaju está atrasada no que diz respeito à legislação”, disse.
Já o vereador Sargento Byron (Republicanos) afirmou que, infelizmente, o racismo é algo comum em sua vida. “Vivencio o racismo diariamente. Sou negro, casado com uma mulher negra e essa sua vinda é uma forma de colaborar com quem está construindo esses projetos, porque temos que ter, efetivamente, políticas públicas para igualdade racial”, declarou.
Opinião também compartilhada pela vereadora Professora Sonia Meire (Psol). “Essa sua fala é de extrema importância para que a gente tenha que estabelecer um diálogo com os movimentos negros para avançar na questão dos direitos”, afirmou.