Escola do Legislativo promove ciclo de debates sobre transsexualidade

por Eduardo Costa e Leilane Coelho — publicado 21/02/2019 09h28, última modificação 21/02/2019 09h28
Escola do Legislativo promove ciclo de debates sobre transsexualidade

Foto: Heribaldo Martins

A Escola do Legislativo Neuzice Barreto de Lima, da Câmara Municipal de Aracaju (CMA), promoveu nesta quarta-feira, 20, o Ciclo de Debates sobre Transsexualidade. O evento teve como temas “Juventude LGBT e seu corpo: desenhos, sexualidade e prevenção” e “Direitos e Violência”. A atividade foi gratuita e aberta a todos os interessados em direitos humanos, gênero e sexualidade. 

Esta foi a primeira atividade promovida pela Escola em 2019, depois de um mês de janeiro de muito debate e planejamento das ações deste ano. O diretor da Escola do Legislativo, Vander Costa, destacou que a importância do tema exige que ele seja tratado neste momento e envolva toda a sociedade. “É um tema muito atual, que tem sido discutido inclusive com o Supremo Tribunal Federal sobre a criminalização da homofobia, e nós queremos utilizar da Escola do Legislativo para promover a igualdade entre as pessoas, fazer com que os princípios constitucionais da igualdade e legalidade sejam efetivamente postos em prática. Trazemos esta discussão para que o respeito e a diversidade prevaleçam, e que possamos contribuir efetivamente para a melhoria da qualidade de vida dos aracajuanos”, afirmou. 

Três convidados participaram do ciclo de debates promovido pela Escola. Um deles foi o advogado Danillo Ferreira, que trouxe dados para contextualizar a violência contra os LGBTs no Brasil. “Destaco hoje a homofobia, como ela vem crescendo cada vez mais no nosso país com dados alarmantes, e tentamos levar educação à sociedade para combater de forma excessiva essa questão. Em 2014, a cada 27 horas, um LGBT era morto no Brasil, e atualmente isso acontece a cada 19 horas. O Brasil hoje é o país que mais mata LGBTs e transsexuais no mundo. Sergipe, inclusive, é o estado que mais mata LGBTs no país, e para a dimensão do estado, é um dado preocupante”, pontuou. 

Outra convidada foi a ativista LGBT e transfeminista Linda Brasil. Um dos nomes mais conhecidos da luta pela causa LGBT no estado, Linda explicou que é muito importante esclarecer às pessoas alguns termos, desmistificar certas crenças e trabalhar o debate de gênero desde cedo, para que a qualidade de vida desta população cresça cada vez mais.

“É muito importante estar aqui, porque hoje em dia a pauta das identidades trans está muito estigmatizada com essa tal ‘ideologia de gênero’. O que a gente quer é que a sociedade conheça mais essa diversidade, compreenda que existem outras formas de se relacionar e que essas pessoas possam viver como qualquer outra. Nós, principalmente as pessoas trans, sofremos vários processos de violência e exclusão social. A expectativa de vida da população trans é de 35 anos, e isso é alarmante. Além disso, 90% da população travesti e trans está na prostituição, por conta de vários processos de exclusão social. É urgente que a sociedade conheça as demandas e compreenda a diferença entre orientação sexual e identidade de gênero, para respeitar a pluralidade das pessoas”, declarou Linda.

Por fim, o presidente da Academia de Letras de Aracaju, Francisco Diemerson, ressaltou a necessidade de, antes de tudo, entender que a homofobia e a transfobia existem na nossa sociedade. Francisco, que trabalhou em seu mestrado com o tema “Homofobia e Educação nas Escolas em Sergipe”, também destaca a necessidade da educação para combater estes problemas.

“Temos o saber de que existe a homofobia e a transfobia, é fato que isso acontece, é real. Nesse momento, o debate mostra que essa questão deve ser enfrentada, entendida, discutida e dialogada. A violência se combate com educação, a punição legal é outro processo. Quando isso se debate e se evidenciam as temáticas, é um ponto inicial. Vejo que no estado há uma série de ações importantes, e não acho que elas vão acabar com o problema de vez, mas podem ajudar várias pessoas”, disse ele.