Dia de Proteção às Florestas: Uma Chamada Urgente para a Conservação Ambiental

por Mônica Pena, Agência Câmara Aracaju — publicado 17/07/2024 09h05, última modificação 17/07/2024 10h48
Celebrando 17 de julho com foco na preservação florestal
Dia de Proteção às Florestas: Uma Chamada Urgente para a Conservação Ambiental

Foto: Marcelo Lobo

No dia 17 de julho, o Brasil celebra o Dia de Proteção às Florestas, uma data criada para conscientizar a população sobre a importância da preservação dos ecossistemas florestais. As florestas desempenham um papel crucial na manutenção da biodiversidade, na regulação do clima e na garantia de recursos naturais essenciais para a vida. Em Sergipe, essa data ganha relevância especial, visto os desafios enfrentados pelo estado na conservação de suas áreas verdes. 

A Importância das Florestas  

As florestas são fundamentais para a sustentabilidade ambiental. Elas atuam como grandes reservatórios de biodiversidade, abrigando inúmeras espécies de plantas e animais, muitas das quais ainda desconhecidas pela ciência. Além disso, desempenham um papel vital na absorção de dióxido de carbono, contribuindo para a mitigação das mudanças climáticas. 

A Visão dos Especialistas 

Para entender melhor a situação e as possíveis soluções, conversamos com especialistas em meio ambiente. 

Dr. Antenor Oliveira de Aguiar Netto, Engenheiro agrônomo, especialista em Recursos Hídricos e Professor da Universidade Federal de Sergipe (UFS): “O estado de Sergipe teve sua base física explorada de modo significativo, ao longo de sua história (desde a colonização -1590 até fins do século XX), sem uma preocupação melhor com o meio ambiente. Infelizmente, temos uma região ainda em desenvolvimento com recursos naturais bastante explorados. As matas ou vegetação natural seguem o mesmo rumo. Assim, de acordo com o inventário florestal, Sergipe tem 13% de florestas. Outra questão preocupante é que essa vegetação natural se restringe a parques (como a Floresta Nacional do IBURA), áreas de conservação (Como o Monumento natural da gruta do Angico) e, portanto, são fragmentos de florestas que não são conectados. Preservar as matas é preservar a vida. Sem floresta as águas reduzem bastante. Perdemos fauna, flora e uma série de outros serviços ambientais que são essenciais para a sociedade humana". 

Thadeu Ismerim, Engenheiro Florestal:Segundo dados do Inventário Florestal Nacional (MMA, 2017), a cobertura florestal de Sergipe corresponde a 13% do território do estado. Assim como nos tempos da colonização do país, o desmatamento está relacionado diretamente às atividades econômicas, a exemplo da agricultura e pecuária. No caso de áreas urbanas, o desmatamento está relacionado à expansão imobiliária, que nos últimos anos, tem sido expressiva nas áreas litorâneas”. 

Thadeu Ismerim explica que, “Considerando os últimos 20 anos, percebe-se que várias ações voltadas para a restauração florestal foram desenvolvidas em nosso estado, principalmente por meio de projetos socioambientais. As áreas contempladas com essas ações estão distribuídas nas mais diversas bacias hidrográficas, como a do rio São Francisco, do rio Sergipe, do rio Japaratuba e do rio Piauí, abrangendo os biomas Mata Atlântica e Caatinga. Essas inciativas geralmente são realizadas por instituições como a Universidade Federal de Sergipe, o governo do estado, o ministério público e as organizações da sociedade civil”. Ele chama atenção para a duração curta desses projetos que dura, em média, entre 2 e 4 anos de execução. “Desta forma, a continuidade das ações de restauração é prejudicada, visto que é um processo lento e que demanda bastante atenção nos primeiros anos após a implantação. Assim, do ponto de vista da restauração de ecossistemas degradados, é necessário que se tenham políticas públicas mais duradouras e efetivas, que contemplem toda a cadeia produtiva da restauração florestal, desde a semente até a floresta equilibrada”, ressalta Thadeu. E mais, para ele, “datas como essa, são importantes para trazer um alerta sobre a situação das nossas florestas e da importância de preservá-las para que possamos garantir a integridade dos ecossistemas florestais para a atual e as futuras gerações”. 

Natali Santana, Doutoranda em Agricultura e Biodiversidade pela UFS: “Eu, juntamente com uma delegação com mais nove jovens de outros estados do Brasil, vou participar da COP16 da Biodiversidade, na Colômbia, em outubro. O nosso objetivo é levar as demandas da nossa realidade, do que a gente vive dentro dos nossos territórios para um debate a nível internacional, que inclui tanto as árvores, as nossas florestas, assim como a fauna que está associada, os recursos hídricos e a utilização do solo. Vamos levar também algumas pautas sobre segurança alimentar e restauração de ecossistemas. Chamamos atenção para a importância da restauração de ecossistemas, tendo em vista toda a questão de desmatamento. Aqui no estado de Sergipe, nós temos o bioma da Mata Atlântica e também a Catinga, que são dois biomas que sofrem imensamente com o desmatamento. É necessário que a gente faça essa parte da restauração, porque é o início de tudo. Precisamos de um ecossistema equilibrado, tanto para a segurança alimentar, como para o bem-estar da própria população. O ecossistema equilibrado é um direito de todos”. 

Dra. Laura Jane Gomes, Professora de Ciências Florestais da Universidade Federal de Sergipe (UFS): “As florestas são essenciais para sobrevivência humana. Nós dependemos das florestas em vários níveis no dia a dia: um medicamento, um remédio que você compra na farmácia. O Brasil é um dos maiores fornecedores de princípio ativo para indústria farmacêutica. Que vem tanto do Cerrado e da Mata Atlântica quanto da Caatinga. 

Laura chama a atenção quanto à necessidade de preservação da cultura das mangabeiras em Sergipe. “Nós sabemos que a importância cultural da mangabeira e do fruto da mangaba pra Sergipe é fundamental. E se a gente não mantiver essas áreas nativas, vivas, e não substituí-las totalmente por empreendimentos de casas, de condomínios, e não mantiver as áreas de reserva delas, nós estaremos perdendo cobertura florestal e consequentemente a nossa cultura, nosso alimento, nossa identidade como seres humanos. Então se falar em floresta, tudo está envolvido, porque não é só a árvore do extrato superior, pensando em fauna também, na fauna silvestre, que é essencial para os insetos, essenciais para polinizar essas plantas. Então a floresta é um sistema de interação. Ela não é só a árvore em si, mas tudo que compreende aquele sistema, que infelizmente no Brasil está sendo fortemente ameaçado pela falta de planejamento. Existe lei, existe a política nacional do meio ambiente, existe procedimento para supressão da vegetação, mas infelizmente a forma como tem-se utilizado essa política tem sido muito desfavorável para a nossa sociedade”, desabafa. 

O Que Podemos Fazer para Ajudar? 

Reduza o Uso de Papel 

Use mais documentos digitais e recicle o papel sempre que possível. 

Compre Produtos Sustentáveis 

Prefira produtos com certificações ambientais, como o selo FSC, que garante que o papel e madeira vêm de florestas manejadas de forma responsável. 

Plante Árvores 

Participe de programas de plantio ou plante uma árvore em sua comunidade. 

Eduque e Compartilhe 

Fale com amigos e familiares sobre a importância das florestas e como protegê-las. 

Apoie Organizações Ambientais 

Contribua para ONGs que trabalham na proteção das florestas e na recuperação de áreas desmatadas. 

Junte-se a Nós! 

Hoje é o dia perfeito para refletir sobre o papel das florestas e tomar atitudes que podem ter um grande impacto. Cada um de nós pode ajudar a proteger essas maravilhas naturais e assegurar que elas continuem a oferecer seus muitos benefícios para o planeta. 

Vamos celebrar o Dia de Proteção às Florestas fazendo a nossa parte!