Assistentes Sociais denunciam desmonte das políticas públicas durante Sessão Especial
Com as participações de assistentes sociais, representantes de diversos sindicatos, a sociedade civil, profissionais de saúde e parlamentares, a Sessão Especial aconteceu na manhã desta sexta-feira, 05, no Plenário da Câmara Municipal de Aracaju Abraão Crispim.
No Brasil são mais de 210 mil assistentes sociais comprometidos com a ética e a qualidade dos serviços prestados à população, em Sergipe esses profissionais somam mais de 4 mil. “É uma profissão que temos muito orgulho por ter o valor ético central a verdade, além de compromissos com a democracia e a justiça social e por um exercício que não discrimine, que respeite a adversidade e seja contra o preconceito. Nós estamos sofrendo os desmonte das políticas públicas. Nós deveríamos contar com o apoio estatal porque não é caridade é Lei e é Constitucional, mas nos últimos anos tivemos os recursos das políticas pública praticamente zerados em diversas áreas com os maiores cortes para a saúde e assistência social e isso reflete também nas condições precárias de trabalho a que estamos submetidos e que atinge o usuário, sem falar nos vínculos empregatícios sem concurso público e de forma terceirizada, ou seja, sem estabilidade e profissional fragilizado que, inclusive,estão ganhando cerca de 1,200 reais. Essa categoria está pedindo socorro”, relata a presidente do Conselho Regional de Serviço Social, Maria Auxiliadora Rosa Horlacher.
“Subo a esta tribuna com o coração cheio de esperança por estarmos em um momento de reconstrução do país que perpassa pela cidadania que só se dá pelo fortalecimento das políticas públicas que não pode ser entendida como gasto e sim investimento e nós não podemos permitir que se entregue o serviço público para uma terceirizada administrar como estamos vendo acontecer. Os trabalhadores precisam ter carreira e concurso público que está na essência desse país, que pode sair governo e entrar governo, mas os serviços públicos continuam a funcionar e nós esperamos que está Casa se some a nossa luta”, pede Itanamara Guedes, dirigente da CUT/FETAM e representante da Frente Sergipana pela Inserção dos Assistentes sociais e psicólogos da Educação – FIASPE.
A assistente social do Instituto Federal de Sergipe, Ana Paula Leite também fez uso da tribuna e disse que esse tipo de Sessão é importante para tornar público o debate para toda sociedade. “Nós temos que discutir com a categoria de serviço social e psicologia porque muitas crianças e adolescentes estão nas escolas e nós precisamos saber quais são as demandas e necessidade estudantis e nos núcleos familiares que precisam desse suporte técnico dos profissionais. Há uma luta histórica de 20 anos para fortalecer leis em níveis federal, estadual e municipal. Nós precisamos de concurso público para a inserção de assistentes sociais e psicólogos na educação básica”. Quem também falou da incorporação desses profissionais no campo da educação foi a professora Doutora Vera Núbia Santos “Se no âmbito nacional estamos com uma ideia de melhoria, em Aracaju, o que se tem e não é de agora é uma privatização das políticas públicas. Nós somos náufragos mas temos uma boia que nos leva para cima e é preciso que todos tenham responsabilidade nas decisões da nossa profissão que antes estava entre as cinco mais escolhidas e hoje estamos passando por vários processos de formação”, relatou a professora e Doutora da Associação Brasileira de Ensino e Pesquisa em Serviço Social.
“Infelizmente nos últimos seis anos nós tivemos um desmonte sistemático das políticas públicas. A PEC 95 gerou um desfinanciamento brutal das políticas sociais no Brasil e a consequência disso, junto com o período pandêmico foi o empobrecimento elevado da nossa população. Em 2019 o Cadastro Único que inclui as famílias em situação de pobreza, em Aracaju, tinha cerca de 70 mil cadastradas, sendo 31 mil recebendo o bolsa família. Em março deste ano, dados mais recentes, são 127 mil famílias inseridas no cadastro único, sendo que 64 mil recebem o bolsa família e cerca de 23 mil recebem o BPC, esses dados são reflexo da falta de compromisso e da responsabilidade dos gestores locais com a sociedade. Queria muito trazer falas de ganhos da nossa categoria, mas infelizmente não é a nossa realidade. O que estamos vivendo é uma precarização geral ”conta Ygor Machado presidente do Sindicato dos Assistentes Sociais de Sergipe.
O objetivo além de homenagear pelo Dia do Assistente Social, comemorado no próximoa dia 15 de maio a manhã também foi de levantar debates e informações essenciais para toda sociedade sobre os profissionais que colaboram com a promoção do bem-estar social, dedicam-se por direitos e melhores condições de vida para grupos sociais vulneráveis. O vereador Isac Silveira (PDT), autor da propositura demonstrou felicidade na participação dos profissionais. “Um Sessão Especial muito frutífera e saio com a certeza de que é preciso ainda mais garantir a cada dia o reconhecimento e a grandeza desta profissão e implementar políticas públicas nas demais esferas da sociedade como nas escolas, por exemplo. A fome é uma desestabilizadora das relações sociais por isso é importante a presença dos assistentes sociais. Somente a luta muda a vida e quem é de luta, está na luta”.