Cabo Amintas critica descaso com a cultura e afirma “não somos mais nem o povoado do Forró”
por Evenilson Santana, Assessoria de Imprensa do parlamentar
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publicado
12/04/2019 17h07,
última modificação
12/04/2019 17h07
Na tarde desta quinta-feira, 11, o vereador Cabo Amintas (PTB) foi convidado para uma Audiência Pública na Assembleia Legislativa de Sergipe (Alese) para discutir o abandono do Forró Pé de Serra e as dificuldades enfrentadas pelos músicos do estado. Conhecido por sempre valorizar a música sergipana, atuando como empresário e produtor no ramo, Amintas se tornou um rosto ainda mais conhecido na luta pelos direitos dos artistas locais quando denunciou um esquema de Máfia de Shows na capital.
Foi com esse assunto que o parlamentar começou seu discurso na Casa Legislativa. “Nós participamos do programa Conexão Repórter junto com o Sindicato dos Músicos, que está muito bem representado na pessoa do Tonico. Também com Jailson e outros guerreiros. Uma coisa me chamou atenção quando cheguei aqui [na Alese]: a galeria vazia. É lamentável que a galeria esteja desse jeito, é lamentável ver que o músico sergipano não despertou ainda sobre um assunto tão importante. Quando a gente olha para as pessoas aqui presentes a gente vê as mesmas caras, sempre os mesmos guerreiros. Homens e mulheres que estão aí na luta em busca da valorização da cultura, buscando mostrar o que Sergipe tem de melhor”, declarou.
O petebista destacou ainda o distanciamento da cultura sergipana das rádios locais. Comparando a outros Estados do país, Amintas explicou como Sergipe não vê sua cultura refletida no ambiente radiofônico.
“Se você chega em Goiás e liga o rádio, só consome Sertanejo Universitário. Porque as rádios de lá tocam o que é deles. Você chega na Bahia e tem que escutar Ivete Sangalo mesmo que já tenha acabado a carreira dela. Mas chegando em Sergipe, não se vê tocando música sergipana. Não se toca de modo algum! Tem que haver legislação. Se eles não tocam em reconhecimento ao talento dos senhores, coisa que eu reconheço como enormes, fica difícil. Infelizmente não se valoriza a cultura local, a cultura sergipana é vista como algo que não dá dinheiro”, afirmou.
Amintas também voltou a citar o Conexão Repórter relembrando a desvalorização destinada aos artistas da terra “Virou costume pagar um cachê de miséria ao artista sergipano. Ver o artista se humilhar e: ou aceitar o cachê de miséria ou aceitar o esquema de assinar ‘x’ e receber ‘y’. Quando Cabrini me perguntou: ‘você conhece algum desses artistas?’ e eu confirmei, vi na lista que o valor do pagamento do Jailson, por exemplo, era de 90 mil. Pois é, mas ele só recebeu 3 mil! Pra onde foram os outros 87? Pra maracutaia!”, ressaltou.
Amintas também falou sobre a importância da união dos músicos sergipanos em um momento como esse. Com a visibilidade alcançada, o empenho em manter os olhos da sociedade abertos sobre o assunto é fundamental.
“O prefeito de Aracaju já disse que só faz o Forró Caju se a festa for vendido para outra empresa. Ora, nós já sabemos qual é a empresa! Ninguém precisa ser gênio pra isso! Os senhores [músicos] precisam se unir. Essa luta ganhou força! Graças a pessoas como Tonico, como Jailson, como Augusto, Paula Coutinho. Essas pessoas precisam do apoio dos senhores!”, reafirmou.
Por fim, o vereador agradeceu o convite do deputado Georgeo Passos (Rede) para falar sobre o assunto e criticou o estado de descaso atual com a cultura de Sergipe.
“Quero agradecer ao deputado Georgeo Passos porque quando fiz a denúncia, a nível nacional, mostrando um esquema milionário, parecia que eu tinha uma doença contagiosa. Até políticos aliados meus se afastaram. Sabe porquê? Porque todo mundo tem um pedacinho de rabo preso. Quando a gente começa a cavar aqui e ali, acaba indo longe, descobrindo mais e mais. Onde estão os trios pés de serra recebendo turistas? Como podemos dizer que somos o país do Forró? É vergonhoso que o saudoso Rogério tenha falecido, deixando na história essa frase que o estado faz questão de divulgar, mas mostramos que não somos mais nem o povoado do Forró. Graças aos senhores, artistas, ainda temos o Forró... Porque se não, nem isso tínhamos mais no nosso estado”, concluiu.