Bittencourt: “exigir que alunos cantem o Hino com slogan de campanha é desrespeito”

por Acácia Mérici, Assessoria de Imprensa do parlamentar — publicado 27/02/2019 09h00, última modificação 27/02/2019 09h00
Bittencourt: “exigir que alunos cantem o Hino com slogan de campanha é desrespeito”

Foto: Assessoria do parlamentar

A ação do Ministério da Educação (MEC) ao enviar um e-mail às escolas públicas e particulares de todo o Brasil com a carta do ministro, Ricardo Vélez Rodríguez, orientando que, ao executar o Hino Nacional, as crianças sejam filmadas, causou polêmica e revoltou profissionais da educação. O vereador Professor Bittencourt (PCdoB) fez duras críticas ao Governo Federal na tribuna da Câmara Municipal de Aracaju sobre o assunto.

"Sou professor, estou em sala de aula há 26anos e todos somos frutos da ação direta e presente de todos os professores. O que o ministro colocou foi uma agressão sem precedentes. A conduta foi inaceitável, antidemocrática e não republicana", comentou Bittencourt.

A carta sugere que, após entoar o Hino Nacional, as crianças pronunciem o slogan 'Brasil acima de tudo. Deus acima de todos', utilizado na campanha eleitoral do presidente Jair Bolsonaro. Após as filmagens, os vídeos deverão ser enviados ao MEC e à Secretaria Especial de Comunicação Social (Secom) da Presidência da República com nome da escola, número de alunos, professores e funcionários.

"Ouvir e cantar o Hino é fundamental. Mas utilizar o slogan de campanha é inadmissível e quebra todos os princípios da impessoalidade e da moralidade, além de afrontar o Estado Laico. A gestão é impessoal. Exigir que as pessoas cantem o Hino com o slogan é uma falta de respeito às nossas crianças, à nossa juventude, aos não eleitores e até aos eleitores de Bolsonaro. Mandar filmar e enviar ao MEC é coagir o aluno", lamentou o parlamentar.

Ainda na opinião de Bittencourt, “o Brasil que está acima de tudo é o Brasil dos brasileiros, do pobre, do rico, do negro, do branco, do índio, do sul, do norte, de todas as suas diversidades. As variações de Deus estão agregadas ao catolicismo, ao candomblé, ao espiritismo, aos evangélicos. O Deus da razão até de quem não acredita tem que ser respeitado. Me preocupo com as ações do Ministério no sentido de minar a autonomia das universidades, celeiros da crítica, do questionamento, da produção científica e acadêmica, e de liderança das mais diversas áreas. Que a educação seja tratada com seriedade e respeito.”