Bibliotecária Cláudia Stocker recebe título de Cidadania Aracajuana
A bibliotecária gaúcha Cláudia Teresinha Stocker recebeu, na tarde da terça-feira, 30, na Câmara Municipal de Aracaju, o título de Cidadania Aracajuana. O Projeto de Decreto Legislativo que concedeu a honraria foi de autoria do vereador Iran Barbosa, do PT. Participaram da sessão, além de famiiliares e amigos da bibliotecária, os vereadores Lucas Aribé (PSB) e Kitty Lima (Rede).
“É com muita satisfação e alegria que concedemos esse título a Cláudia Stocker. Aracaju, com certeza, está com a sua galeria de cidadãos muito mais abrilhantada com a honrosa presença, agora, do seu nome”, afirmou o petista.
Para Iran, o trabalho que a bibliotecária desenvolve há mais de dez anos, de fomento à leitura entre as crianças e na defesa do fortalecimento do papel das bibliotecas na vida de uma cidade, já é reconhecido pelos aracajuanos e mais que justifica o título concedido à gaúcha, sendo ainda mais simbólico diante da conjuntura política e social em que vive o Brasil.
“Vivemos um momento muito duro da nossa história, em que muitos acham que os problemas se resolvem com armas. Queremos dizer que os livros são o caminho, e que as pessoas que cultivam junto às crianças o apego à leitura e aos livros merece todo o nosso respeito e admiração, porque cuidar das crianças, cuidar dos seres humanos com essa preocupação é essencial”, disse.
Ainda segundo Iran Barbosa, Cláudia Stocker recebe o título de cidadã aracajuana não só pelo trabalho que realiza na Biblioteca Púbica Infantil de Sergipe, mas como pesquisadora, escritora, contadora de história e como mulher.
“E, neste momento crítico em que vivemos, passa a ter muito mais simbolismo entregar esse título a quem trabalha para incentivar o hábito da leitura, o cultivo às relações humanas e o aprofundamento do entendimento da realidade através dos livros. E Cláudia representa tudo isso”, destacou o parlamentar.
Idas e vindas
Natural da cidade de Viamão, no Rio Grande do Sul, e filha de militar, Cláudia Stocker desde cedo teve que conviver com as idas e vindas do pai. Com apenas dois anos de idade, teve que se mudar para Brasília, para onde seu pai foi convocado a servir. Na capital federal ficou até os 19 anos, onde completou o Segundo Grau, quando mais uma vez teve que se mudar com a família para a fronteira norte do Brasil, para a cidade de Tabatinga, no Amazonas, onde passou dois anos para, em seguida, aproveitando que estava noiva de um aracajuano e a pedido do pai, que queria encerrar sua carreira militar numa cidade mais tranquila, vir aportar em Aracaju, em julho de 1989.
A nova cidadã aracajuana conta que os primeiros contatos com os livros e com os contadores se deu na infância, através do pai, que todas as noites contava-lhe, sempre do seu jeito, estórias do folclore e da literatura infantil brasileiros. E cresceu assim, ouvindo estorinhas e replicando para as suas bonecas, nas brincadeiras de criança, imitando ser professora.
“No entanto, apesar de gostar muito de ler e de mergulhar nos livros, pondo a minha imaginação para viajar, finalizei os meus estudos sem saber muito bem o que queria. Só quando eu vim morar em Aracaju, e depois de divorciada, é que comecei a trabalhar e a buscar o que eu realmente queria. Foi quando ingressei no curso de Biblioteconomia, na Universidade Tiradentes, conheci esse universo maravilhoso das bibliotecas e fui cada vez mais me envolvendo nisso, a ponto de virar pesquisadora e escritora também”, conta.
Cláudia Stocker lembra que foi através da indicação da amiga e também bibliotecária Sônia Carvalho, que acompanhou a entrega do título, que recebeu o desafio de dirigir e transformar a então Biblioteca Infantil Aglaé Fontes de Alencar – hoje Biblioteca Pública Infantil de Sergipe – num espaço mais dinâmico de leitura, aprendizado e entretenimento para crianças, jovens e adolescentes.
“E lá estou, há 12 anos, fazendo o meu trabalho, com a minha equipe, com vários projetos importantes colocados em prática e, creio, tem dado muito certo, porque já passaram cinco secretários de Cultura e continuamos lá, transformando aquele espaço, a cada dia, mesmo com todas as dificuldades. Por lá, nos últimos dez anos, passaram cerca de 60 mil crianças, nos vários projetos que colocamos em prática”, aponta a bibliotecária.
Aracajuana de coração
“Sempre gostei de Aracaju, desde que vinha passar as férias com o meu noivo, e sempre me identifiquei com a cidade. Tanto que viemos para não mais sair daqui, mesmo depois do falecimento do meu pai. Ficou a família toda no sul, e eu e a minha mãe aqui. E agora, com esse título, tudo se torna muito mais significativo para mim, porque hoje posso dizer que sou verdadeiramente uma cidadã aracajuana. Gaúcha de nascimento, brasiliense de criação e aracajuana de coração”, ressaltou a bibliotecária.
Para Cláudia, o título tem um valor mais elevado ainda por ter sido proposto por um professor e entusiasta das bibliotecas públicas. “Iran é uma pessoa a quem eu admiro muito, pela pessoa e parlamentar que é, e por sua sensibilidade à causa das bibliotecas. Então, isso é muito importante para mim, pela identidade que ele tem com a educação, que está atrelada à cultura dos livros e às bibliotecas. Fico muito mais feliz de estar recebendo essa honraria por iniciativa dele”, externou Cláudia Stocker.