Audiência Pública na CMA marca centenário da Revolução Russa

por Acácia Mérici, Assessoria de Imprensa do parlamentar — publicado 08/11/2017 04h05, última modificação 08/11/2017 15h24
Audiência Pública na CMA marca centenário da Revolução Russa

Heribaldo Martins

A Revolução Russa completa 100 anos, evento histórico onde as ideias marxistas foram colocadas em prática com sucesso pela primeira vez e contou com a grande participação dos operários, camponeses e de soldados que estavam cansados do fracasso da Rússia na Primeira Guerra Mundial (1914-1918). Como desdobramento da Revolução Russa nascia, então, a União Soviética que, no século XX, iria rivalizar com os EUA como grande potência geopolítica. Esse grande momento da história foi tema de uma Audiência Pública na Câmara Municipal de Aracaju (CMA) na tarde de terça-feira, 7, sendo presidida pelo vereador Professor Bittencourt (PCdoB), autor do requerimento.

“Com todas as dificuldades, a Revolução Russa conseguiu imprimir no século XX uma das mais expressivas transformações da humanidade. Ela retira a antiga Rússia do estado feudal e a coloca como a segunda maior potência econômica, política, tecnológica e cultural do mundo. É um tema que merece a atenção especial de todas as pessoas que estudam a construção dos movimentos socais”, destacou Bittencourt.

Ainda segundo o vereador, “tratar dessa temática não diz respeito a uma ideia apenas do Partido Comunista ou de outros que existiram. Diz respeito a se debruçar sobre um momento importante da história da humanidade, em que parcela expressiva de uma sociedade tomou a rédea do seu destino e fez uma revolução para proporcionar melhorias das condições de vida. Sem dúvida, contribuiu significativamente nos avanços na política, cultura, arte, economia em todo o mundo”.

A Audiência Pública contou com as presenças do professor e advogado Wellington Mangueira, que morou na União Soviética, o artista plástico, militante político e um dos fundadores do PCdoB, Bosco Rollemberg, os professores Walderfranklin Rolin e Jorge Quintino, além de representantes de movimentos sociais de Sergipe. “Fui muito bem acolhido pelo povo russo, à época. A Revolução Russa é a culminância de todo o processo que aconteceu na Europa. Havia o movimento operário e pessoas em condições difíceis desejando e pedindo paz. O país mais pobre, com as forças das ideias, a base da organização popular que acreditou no processo de transformação, pôde se constituir como a segunda maior potência do mundo, contribuindo para todos os povos do mundo, mostrando que não se pode viver no imperialismo e na tutela do estado”, comentou Wellington Mangueira.

Ainda segundo o professor, “queremos sempre constituir um mundo livre”. Bosco Rollemberg é um exemplo de militância e guarda na memória momentos difíceis da época da Ditadura no Brasil. Para ele, a audiência pública desta terça foi marcante especialmente por rememorar a construção de políticas sociais. “A Revolução Russa foi um ato de resistência de todas as forças do país e de um povo que acreditava na construção de um mundo com justiça social. A partir daí, foram muitos avanços e compreensões da história, que tem como força motriz a luta de classes e a posição econômica. O pensamento do sistema capitalista tem como base a extração do trabalho do operário como forma de produção da riqueza”, explicou.

Na opinião de Rollemberg, esses pensamentos ainda são muito atuais. “A Revolução Russa apontou o futuro e os caminhos concretos para a solução dos problemas da humanidade. Vivemos um momento em que a onda conservadora e retrógrada exploram. Temos a capacidade e o esforço histórico para encontrar novos rumos que aproximem a construção do socialismo. Não basta proclamar a vontade do socialismo: é preciso ter clareza, definir caminhos que façam com que o objetivo do socialismo de aproxime”, pontuou.

Na Tribuna, o professor Jorge Quintino fez uma reflexão sobre a importância da Revolução Russa como uma vitória popular e o protagonismo da mulher na militância por direitos iguais e democráticos. “A participação da mulher é importante desde o início. Somos atravessados pelas luzes do passado. Só quem sabe tudo que aconteceu na época da ditadura, por exemplo, é testemunha viva da luta pela democracia e liberdade de direitos e de expressão. Atualmente, está existindo no Brasil uma desconstrução dos ganhos que vieram com a Revolução Russa. Continuo acreditando no Brasil e nas ideias socialistas”, sintetizou.

Para o professor Walderfranklin Rolin, a Revolução Russa foi uma ação prática de libertação que marcou o mundo e a forma como vai se desencadear na Europa e no Brasil ao longo dos anos. “O pensamento socialista construiu uma saída para o desenvolvimento nacional e isso, até hoje, incomoda muita gente. Cem anos depois, as ideias retomadas do passado servem para atualizar o presente e torná-lo exatamente vivo”, resumiu.

Edval Góes, vice-presidente do PCdoB em Sergipe, também prestigiou a Audiência Pública. “Não se trata apenas em falar em Revolução Russa, mas em todos os avanços da sociedade. É importante que as ideias sejam difundidas. É fundamental que a juventude tenha conhecimento das informações e faça a luta em defesa do socialismo. É esse sistema que leva a humanidade a um mundo fraterno e igualitário, com dignidade, paz e felicidade”, apontou.

O vereador Isac parabenizou Bittencourt por idealizar este encontro. “Falar em Revolução Russa nos relembra o pensar do socialismo em nossas vidas e em nosso partido. Tivemos nessa audiência uma verdadeira aula de história”, disse.