Assistente social Ana Côrtes é a nova Cidadã Aracajuana

por Acácia Mérici, Assessoria de Imprensa do parlamentar — publicado 27/09/2018 08h35, última modificação 02/10/2018 10h17
Assistente social Ana Côrtes é a nova Cidadã Aracajuana

Foto: China Tom

Uma solenidade marcada pelo amor e pela ternura. Assim foi a Sessão Especial de entrega do Título de Cidadania Aracajuana para a assistente social Ana Maria Santos Rolemberg Côrtes nesta quarta-feira, dia 26, na Câmara Municipal de Aracaju. O autor da propositura foi o vereador Professor Bittencourt (PCdoB), que homenageou a nova filha de Aracaju por toda a história de vida e de luta pela democracia, por igualdade e liberdade.

"Agradeço a oportunidade de conviver e aprender muito com Ana Côrtes. Ela é uma das maiores referências do PCdoB em Sergipe. O Parlamento Municipal sente-se honrado em conceder esse Título de Cidadania a este ser humano incrível, que sempre foi à frente do seu tempo e tanto contribuiu para a defesa dos ideais de uma geração. Ana Côrtes simboliza uma trajetória de luta das mulheres sergipanas e brasileiras. Em tempos tão intolerantes, lembremos sempre da firmeza e da doçura dessa grande mulher que dedicou sua vida para ter um país mais humano e igual para todos", afirmou Bittencourt.

Ana Côrtes nasceu em Frei Paulo, agreste sergipano, em 1945. Caçula de dez irmãos, mudou-se para Aracaju em 1953, onde estudou no Colégio Jackson Figueiredo. Após o colegial, foi para a Escola Nossa Senhora de Lourdes. Na juventude, fez faculdade de Serviço Social e atuou na criação da Universidade Federal de Sergipe (UFS). Em 1967, foi presidente do Diretório Acadêmico de Serviço Social. Após a conclusão do curso foi impedida de diplomação pelos militares.

Trabalhou como operária em São Paulo e entre os canavieiros da Zona da Mata Sul de Pernambuco. Na época da Ditadura Militar, foi presa e torturada grávida no DOI em Recife e esteve na lista dos desaparecidos políticos. Após Recife, retornou a Aracaju. Foi assistente social da Prefeitura desde 1975 e foi proibida pela ditadura de realizar trabalhos com a comunidade. A partir de então, integrou a luta nacional pela Anistia e libertação dos presos políticos de Itamaracá.

Com a redemocratização, em 1986 dirigiu a Secretaria de Assistência Social com forte atuação nos bairros mais pobres. Já em 2001 foi coordenadora do 'Programa Toda Secretaria é da Criança' da Prefeitura de Aracaju (PMA). Foi secretária de Assistência Social e Cidadania da PMA em 2002. No ano de 2004 conquistou a Anistia Política pelo Ministério da Justiça. Ana Côrtes foi membro do Comitê Feminino de Anistia em Sergipe e da Sociedade Sergipana em Defesa dos Direitos Humanos, presidente do Sindicato dos Assistentes Sociais de Sergipe e membro do Conselho Federal de Assistentes Sociais.

"Uma entrega de título de Cidadania Aracajuana merecidíssima a Ana Côrtes, assistente social e uma grande amiga que a vida me deu. Aracaju acaba de ganhar uma cidadã de alto nível que deu grande contribuição para a cidade e que lutou muito em defesa da democracia. Sua história de vida é muito marcante, sua atuação profissional foi muito importante para a área social na nossa cidade", destacou o prefeito Edvaldo Nogueira.

A jornalista Joana Côrtes é filha da homenageada e usou a Tribuna para ler um texto que retrata o ser humano Ana Côrtes. "Mainha aceitou os cabelos cor de nuvem quando fez 70 anos. Hoje ela é uma mulher sem pinturas, o corpo à maresia. Caçula de dez irmãs e irmãos, tinha oito anos e mesmo assim demorou para conhecer o mar. Mesmo litorânea, às vezes uma mulher se demora até chegar a sua própria praia. E ela chega. Toda mulher chega ao seu próprio dia", disse.

O texto escrito por Joana mostra toda a coragem e fortaleza da nova cidadã aracajuana. "Abre picada braba com a sua mansidão e permanece altiva com seu corpo curtido e lustrado pela oração do próprio tempo a nos ensinar todos os dias que a luta por liberdade por autonomia por humanidade é ontem hoje e sempre. Sou filha desta mulher. Somos também esta mulher. Quem convive comigo, está também sob a sombra dessa árvore frondosa e interiorana".

Aos 73 anos, Ana Côrtes agradeceu ao carinho do Professor Bittencourt pela homenagem e fez um resumo de sua vida como militante e assistente social. "Sou filha dos saudosos Chiquinho do Sal e dona Caçula. Vim para estudar e crescer na convivência do estudos. Queria fazer biologia, mas escolhi serviço social. O tempo passou e tivemos momentos difíceis. Os mais vividos sabem tudo que passamos na época da ditadura. As escolas não podem ficar em silêncio com tudo que aconteceu. Nosso grupo nunca usou armas. Usávamos a palavra, a conscientização. Só queríamos a democracia no Brasil. Passei parte da minha infancia, juventude e casei em Aracaju. Depois de tudo que passei, voltei para Aracaju, lugar onde vivo com meu marido, filhos, netos, amigos, onde dediquei aos trabalhos de assistente social. Agradeço a Bittencourt e a todos os vereadores que aprovaram meu nome", comemorou.

Ainda na solenidade, a nova filha de Aracaju recebeu um quadro feito pelo design Marcos Fraga. A Sessão Especial de entrega do Titulo de Cidadania Aracajuana a Ana Côrtes contou com as presenças de Bosco Rollemberg, esposo da homenageada, filhos, netos, irmãos, sobrinhos, ex-colegas de faculdade, colegas da Prefeitura de Aracaju, membros do PCdoB de Sergipe, do prefeito Edvaldo Nogueira, do conselheiro do Tribunal de Contas do Estado, Clóvis Barbosa, do prefeito de Nossa Senhora do Socorro, Padre Inaldo, da ex-deputada federal Tânia Soares, a ex-vereadora Lucimara Passos, de muitos amigos.