“R$130 milhões não contemplam pedestres e ciclistas”, afirma Aribé
Com um discurso firme, o vereador Lucas Aribé (PSB) utilizou o Grande Expediente da Câmara Municipal de Aracaju (CMA) na manhã desta terça-feira, 27, para questionar o Poder Executivo sobre a destinação dos R$130 milhões que serão investidos em mobilidade urbana, mas não contemplam melhorias nas calçadas e ciclovias da capital. “Eu não sou contra o dinheiro que vem, de jeito nenhum, mas penso que existem prioridades. E, por favor, lembremos dos carros mas, antes, vamos lembrar dos pedestres e dos ciclistas”, reclama.
“A construção de corredores de ônibus é importante; a reforma de terminais é urgente, mas temos um agravante que é a questão das calçadas. A Lei Municipal 4.867, do ano passado, institui o plano emergencial de recuperação de calçadas e passeios públicos, mas a gestão atual fecha os olhos para algo tão importante. Se, dos R$130 milhões, a Prefeitura disponibilizasse R$10 milhões para reformar as calçadas, sairíamos do zero, daríamos um passo. Mas entra gestor, sai gestor e ninguém dá importância”, pontua o parlamentar.
Lucas ressalta que os problemas nas calçadas e ciclovias de Aracaju são crônicos. “Ninguém resolve. A outra gestão abandonou as ciclovias, está tudo sucateado e a gestão atual precisa reestruturar e fazer a interligação, porque todos prometem na campanha e não fazem. Isso é revoltante. A campanha na TV parece um leilão de promessas. Quem dá mais? Quem promete mais? Tudo isso é estelionato eleitoral”, critica o vereador.
Segundo Lucas, os gestores só pensam nas obras faraônicas, mas esquecem das coisas mais simples e importantes para o povo. “Não adianta termos uma rua ou um terminal de ônibus arrumado se temos uma calçada que derruba qualquer cidadão, inclusive uma autoridade pode cair nela. E aí eu pergunto: qual é o papel da Câmara Municipal de Aracaju? O que estamos fazendo aqui? Aprovamos leis e o gestor vira as costas”, provoca.
É lei federal
Lucas Aribé lembra que as medidas em favor dos pedestres estão previstas na lei federal 12.587/2012, que institui as diretrizes da Política Nacional de Mobilidade Urbana. “O que mais me incomoda é que os gestores conhecem a lei, sabem as prioridades e fazem ao contrário. Para onde vão os investimentos em acessibilidade? Para os arquivos de computador, porque para a prática, que é bom, não vem”, critica.
O vereador afirma ainda que as discussões sobre o plano de mobilidade urbana de Aracaju não são novas. “Todos os gestores têm a mania, nefasta, de dizer que o antecessor produziu algo que não serve. Lembro que, na gestão anterior, João Alves Filho pegou o plano deixado por Edvaldo e resolveu fazer novas audiências. Agora, Edvaldo reassume e ignora o plano de João. Um prometeu o BRT fez: buracos, radares e transtornos. O BRT virou uma faixa azul. O outro agora diz que vai fazer o BRS. Não se faz campanha educativa, não se dá continuidade aos investimentos”, observa.
“Enquanto isso, como um idoso vai subir no ônibus? Hoje, há casos em que a pessoa precisa descer da calçada e andar uns cinquenta centímetros de rua, pois o motorista para distante. E o cadeirante? O ônibus está com o elevador quebrado e é preciso que alguém carregue o cidadão no colo para que ele possa subir. Essas são situações reais que os investimentos, pelo visto, não melhorarão em nada”, diz Lucas Aribé.