“É a primeira vez que uma mulher trans ocupa um parlamento estadual em Sergipe”, diz Linda
Na manhã desta terça-feira, 04, a vereadora Linda Brasil (PSOL) foi parabenizada pelas/os colegas pela expressiva votação e pela trajetória que tem trilhado em favor não só da população LGBTQIA+, mas de segmentos sociais mais violentados e de toda a classe trabalhadora sergipana.
“Eu queria agradecer a população aracajuana e sergipana que votou, aqui na capital eu fui a mais bem votada com 18.704 votos da grande Aracaju, e mais de 10.000 votos das demais cidades do interior. Enorme gratidão por acreditarem e terem coragem de enfrentar o poderio econômico dando respaldo a este projeto de transformação coletiva”, discursou.
Para Linda, o resultado da votação respalda a sua atuação na Câmara Municipal de Aracaju. “Essa é a expressão de um projeto com amor, com verdade, com respeito, e com reconhecimento de todas as famílias. Das mães solo, das LGBT’s, das famílias diversas, não aceitam mais o discurso do racismo religioso, e colocam uma nova forma de fazer política”, refletiu.
A parlamentar destaca que a política de esquerda propõe uma reconfiguração no cenário, sem apadrinhamentos e com o trabalho militante nas ruas. “É o olho no olho, como ocorreu em minhas visitas em 75 municípios de Sergipe com o Linda Móvel, falando a verdade para as pessoas, e não o ódio, e essa foi a resposta”, colocou.
Linda entra na história como a primeira deputada estadual trans eleita em Sergipe, assim como foi a primeira vereadora trans de Aracaju em 2020. Dados da Associação Nacional de Travestis e Transexuais (ANTRA) apontam que de 2018 para 2022 aumentou em 44% as candidaturas de pessoas trans.
Enfrentamento à violência contra a mulher
A Juíza Coordenadora da Mulher do Tribunal de Justiça, Rosa Geane, ocupou a Tribuna Livre para tratar de um problema que assola o estado, a crescente violência contra a mulher. Em sua fala, apontou a importância da denúncia e da legislação que tem avançado no enfrentamento à violência.
“Eu estou aqui porque quero sensibilizá-los para isso, eu sei que os senhores têm compromisso com as comunidades quando se elegeram, e eu estou falando de algo que vai impactar positivamente a realidade de Sergipe, nós queremos trazer o Centro de Educação e Reabilitação de Agressores para cá, ser o primeiro do Brasil. É preciso dialogar, trazer emendas parlamentares que possam garantir essa estrutura”, frisou.
Para a vereadora, o trabalho que vem sendo desenvolvido pela Coordenadoria de Mulheres do Tribunal de Justiça tem sido fundamental para trazer outras perspectivas de combate à violência de gênero.
“Muitas vezes as mulheres não podem terminar um relacionamento abusivo que são vítimas de feminicídio, a violência começa com as castrações. Tem pessoas que usam o discurso da família, o discurso hétero, cis e normativo, que tem um viés moralista e são essas que muitas vezes praticam a violência. A senhora é uma referência, e estou muito feliz que quando eu estiver na Alese quero me somar para que os 75 municípios possam ter um Centro de Acolhimento e de Referência na Luta pelo fim da violência contra as mulheres”, endossou.
A parlamentar enfatizou que a ocupação nos espaços de poder por segmentos sociais historicamente invisibilizados também vai contribuir para uma equidade social, uma vez que poderão lutar por mais legislações que garantam direitos e proteção às mulheres, trans e cis.
“Eu tenho certeza que esse movimento de empoderamento e conscientização, das mulheres, das LGBT’s, da população negra, a população quilombola, as comunidades tradicionais, através da política institucional a gente vai contribuir para diminuir esse ranking, essas estatísticas que coloca o Brasil como o 5º país que mais assassina as mulheres, e o primeiro a assassinar a população LGBTQIA+”, finalizou.