“A violência doméstica é fruto do patriarcado” afirma Ângela Melo durante live no Instagram da Câmara

por Danilo Cardoso — publicado 28/10/2024 07h00, última modificação 28/10/2024 15h45
“A violência doméstica é fruto do patriarcado” afirma Ângela Melo durante live no Instagram da Câmara

Arte: Vanessa Passos

Em um bate-papo bastante descontraído e recheado de informações, a vereadora Professora Ângela Melo (PT) falou sobre o agravamento da violência doméstica durante a pandemia nesta terça-feira, 29, na Live através do Instagram da Câmara Municipal de Aracaju. A conversa teve como mediadores os jornalistas Martha Mendonça e Gabriel Xavier.

Nos 60 minutos dedicados à entrevista, a parlamentar pode fazer uma abordagem geral sobre o tema, além de destacar sua atuação na Casa Legislativa. Entre os assuntos evidenciados estiveram o PL 124/21, voltado para o público LGBTQIA+, as melhorias na educação e a erradicação do trabalho infantil.

Na abertura da Live, a apresentadora foi direto ao tema, questionando a vereadora sobre o aumento da violência doméstica. Em resposta, Ângela afirmou que o patriarcado é a cultura que deve ser combatida. “Podemos dizer que a violência doméstica é fruto do patriarcado. Isso precisa ser desconstruído, o isolamento agravou ainda mais. O medo e a culpa são fruto do patriarcado. A mulher foi criada para servir, isso no passado. A mulher é sujeito de direito, é dona do seu corpo, das suas vontades. Isso é um processo histórico e não acaba do dia para a noite. É uma luta diária”, destacou.

Gabriel Xavier perguntou como é que faz para detectar a violência doméstica e como fazer para denunciar. “Em briga de marido e mulher se mete a colher sim, devemos intervir contra a violência doméstica. Existem várias formas de denunciar a violência, como aplicativos e disque denúncia. Uma das formas é ter psicólogo e assistência social nas escolas. Violência não se guarda, se guarda afeto, carinho, violência não”, divulgou a parlamentar ao comentar que já foi no velório de uma professora que o assassino levou flores. “Quem ama não agride, não mata”, frisou.

Família

Ao falar sobre a família, Ângela fez questão de lembrar que família é onde existe amor. “Essa história da família tradicional, o que é tradicional? Família é onde existe amor, carinho e afetividade. A família pode ser constituída por dois homens, duas mulheres, por uma avó, ou qualquer outra pessoa que cria e dá amor”.

Educação

Defensora ferrenha da valorização da educação, a vereadora lamentou a postura do poder público em relação às aulas remotas nas escolas municipais e estaduais. “O poder público que deveria facilitar o acesso dos estudantes aos aparelhos tecnológicos. A criança tem que ter acesso ao Wi-Fi, ao computador e a um telefone. O Estado liberou aos professores cinco mil reais para compra de equipamentos e 70 reais para internet, a Prefeitura de Aracaju não fez isso”, alertou.

Trabalho Infantil

A vereadora alertou que a pandemia é uma crise sanitária, mas antes já tínhamos a crise econômica e cultural. “As reformas implementadas pelo Governo Federal atropelaram os trabalhadores. Quem mais lucrou com a pandemia foi quem trabalha com o sistema financeiro e com a saúde. O fim do auxílio emergencial de 600 reais tirou o poder econômico das famílias, que não tinham como pagar o aluguel e comprar o alimento, com isso, quem primeiro vai às ruas são as mulheres e crianças. Nos sinais e feiras livres o que mais vemos são crianças pedindo comida”, frisou.

Ângela defendeu a criação de políticas públicas de assistência social. “Precisamos de uma política de renda para as famílias, de um salário mínimo, para acolher essas famílias que ficaram sem renda na pandemia. Isso não é auxílio emergencial. O Estatuto da Criança e do Adolescentes deve ser preservado, mas o estado não faz. Os direitos têm que ser preservados”.

PL 124/21

Tramitando na Câmara, o Projeto de Lei nº 124/2021, de autoria da vereadora Ângela Melo, visa contribuir com a valorização do público LGBYQIA+. Sobre o tema, a parlamentar destacou. “A lei irá contribuir para que a população seja visível aos olhos da sociedade. A lei vai qualificar os órgãos públicos para que atendam a população LGBTQIA+ de forma que deve ser tratada. Nossa ideia é criar um banco de dados sobre a população LGBTQIA+. O cadastro vai identificar a população, com perguntas sobre os anseios”.

Mandato

Ao comentar sobre seu mandato, Ângela explicou sua motivação para concorrer a um mandato eletivo. “Sou uma mulher que vou fazer 65 anos, no próximo dia 1º de julho. O parlamento é um espaço de diversidade, é um espaço de contradições e de eterna disputa, com disputas ideológicas e políticas”, comentou.